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PF amplia apuração sobre Petrobras e faz busca na estatal

Alvo era um contrato de R$ 444 milhões assinado com empresa cuja contratação teria sido feita via doleiro

Apreensão foi um desdobramento da Operação Lava Jato, que investiga esquema chefiado por doleiros

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

A Polícia Federal ampliou as investigações sobre lavagem de dinheiro e negócios suspeitos da Petrobras e fez ontem uma operação de busca e apreensão na sede da estatal, no centro do Rio.

A busca foi um desdobramento da Operação Lava Jato, desencadeada no último dia 17 para investigar um esquema envolvendo doleiros e suspeitas de pagamento de propina que movimentou R$ 10 bilhões, segundo a PF.

O esquema teria ramificações políticas no PT, PMDB e PP, na petroleira estatal e no Ministério da Saúde, de acordo com autoridades envolvidas na investigação.

O alvo da busca era a documentação de um contrato de R$ 443,8 milhões assinado no ano passado entre a Petrobras e uma empresa chamada Ecoglobal.

Há indícios de que a contratação foi intermediada pelo doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, segundo despacho da Justiça federal do Paraná. O doleiro e o ex-diretor da Petrobras foram presos no último mês pela PF.

O negócio foi fechado por meio de carta-convite da Petrobras, sem a realização de concorrência.

A PF passou a suspeitar do contrato depois que encontrou uma proposta confidencial, datada de 18 de setembro do ano passado, na qual o doleiro, o ex-diretor da Petrobras e a empresa Tino Real Participações se dispõem a pagar R$ 18 milhões por 75% das cotas da Ecoglobal.

O negócio era "condicionado à efetivação do contrato da Ecoglobal com a Petrobras", segundo o despacho do juiz federal Sérgio Moro.

"Os fatos sugerem atuação dos compradores da empresa Ecoglobal na obtenção do contrato da Petrobras", prossegue o juiz.

O juiz manifesta no despacho sua "estranheza" com o fato de que uma empresa que obteve contrato de R$ 443,8 milhões tenha 75% de suas cotas negociadas por R$ 18 milhões.

O advogado de Youssef, Antônio Augusto Figueiredo Basto, diz que o negócio não foi fechado.

Uma das sócias da Tino Real, Maria Thereza Barcellos da Costa, teria relações com uma pessoa "envolvida aparentemente em crimes relacionados a fundos de pensão", segundo a Justiça.

Durante o dia, tanto a PF quanto a Petrobras fizeram um esforço para tentar descaracterizar a operação como sendo de busca e apreensão.

A PF disse que não precisou cumprir o mandato judicial porque houve colaboração da estatal.

Em nota, a Petrobras informou que a presidente da companhia, Graça Foster, recebeu uma delegada e três agentes da PF e ordenou ao departamento jurídico a entrega dos documentos sem que houvesse a necessidade de buscas (leia texto na pág. A6).

Também foram realizadas buscas na sede da Ecoglobal, em Macaé (RJ), e em outras empresas e residências em Niterói (RJ), São Paulo e Vinhedo (SP). No total, a PF realizou 16 buscas.

Em São Paulo, os policiais prenderam um gerente do Banco do Brasil que teria ligações com a doleira Nelma Kodama, cujo nome não foi divulgado. Nelma foi presa no último dia 14 com 200 mil euros na calcinha, no aeroporto de Cumbica, quanto tentava viajar para a Europa.

A PF tinha ordens para prender outro suspeito, mas ele não foi encontrado. Seis investigados foram conduzidos à PF para depor, entre os quais um dos sócios da Ecoglobal, Vladimir da Silveira.


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