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PT monta chapa com ex-aliados de ACM
Coligação com representantes da PSD e PP na Bahia provoca críticas da militância e de siglas aliadas de esquerda
Petistas, que lançarão Rui Costa à sucessão de Jaques Wagner, temem fuga de votos para a candidata do PSB
Formada por antigos integrantes da "tropa de choque" do senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), a chapa governista para a sucessão de Jaques Wagner (PT-BA) provoca incômodo entre a militância petista e aliados tradicionais do PT na Bahia.
Para siglas como o PC do B, o time escalado por Wagner para as eleições representa uma "volta ao passado". "Preocupa a formação de uma chapa que não reflete a trajetória do projeto, ligado a uma tradição de esquerda. Tenho dúvidas se haverá boa interlocução com movimentos sociais", disse o deputado federal Daniel Almeida, presidente do PC do B-BA.
O atual vice-governador, Otto Alencar (PSD), que foi secretário, vice-governador e governador da Bahia sob a liderança de ACM, será candidato ao Senado na chapa.
Já o candidato a vice do petista Rui Costa, secretário da Casa Civil de Wagner e candidato à sucessão escolhido pelo governador, será o deputado federal João Leão (PP), outro aliado tradicional de ACM, que foi rival histórico do PT.
Em privado, petistas consultados pela Folha classificam a chapa, com nomes mais "à direita", como "pesada" e lembram que o próprio Costa nunca foi próximo da militância do PT baiano. Por outro lado, dizem que a continuidade do projeto petista pesará mais nas urnas do que os nomes da chapa.
Também existe o receio de que parte dos votos do eleitorado mais à esquerda migre para a candidatura da senadora Lídice da Mata (PSB), que disputará o governo defendendo Eduardo Campos (PSB) para a Presidência.
Leão e Alencar não negam o passado carlista. Em evento no início do ano em que o PSD chancelou a postulação de Rui Costa, Otto Alencar citou Luís Eduardo Magalhães "" filho de ACM morto em 1998"" como o "político mais brilhante da nossa geração".
Com forte base de prefeitos no interior da Bahia, o vice-governador não economiza críticas à política de desonerações de Lula e Dilma, que implicou na redução de repasses aos municípios.
João Leão tem na bagagem disputas eleitorais contra o PT e nunca escondeu suas ressalvas em relação à candidatura de Costa. No ano passado, dizia que o petista "não agrega e não está preparado" para governar.