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Janio de Freitas

Perdidos em Pasadena

Para Gabrielli, o documento é 'omisso', mas 'não falho'; espera-se que ele revele a nova verdade sobre o idioma

A balbúrdia mental que conduz o caso Pasadena, no qual os aspirantes a presidente Aécio Neves e Eduardo Campos aliam-se aos autores do negócio que atacam, promete para hoje um passo importante: o convite a José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, para ir à Câmara. A importância não está no que ele venha a dizer sobre Pasadena ou sobre a Petrobras, mas em esperada revelação sobre a Língua Portuguesa.

Quase simultâneos, Gabrielli divulgou artigo pela Folha e deu entrevista ao "Estadão". Nem sempre para dizer o mesmo, mas nada que não estivesse dito, de algum modo, pelo próprio ou por outros ativadores do tema Pasadena. Exceto em um momento especial, fugaz embora, da entrevista. Foi sua qualificação do trabalho informativo, dado por Dilma Rousseff como incompleto, para que o Conselho de Administração por ela presidido opinasse sobre a sugerida compra da refinaria de Pasadena. Gabrielli contesta, e define o documento como "omisso", mas "não falho".

A omissão no documento não é uma falha? Não nos desesperemos. Mesmo os dicionaristas do "Caldas Aulete", entre os demais, caíram como nós na suposição de que "falho" é o "que tem falha ou é desprovido de algo"; e falha é "aquilo que foi omitido, que ficou faltando". Em 513 deputados, contamos ao menos com Tiririca, símbolo verdadeiro de dedicação na Casa, para cobrar de Gabrielli que nos revele a nova verdade do idioma, já que outras de outros assuntos lhe podem ser mais difíceis.

Não o serão, se depender de Aécio Neves e Eduardo Campos. Os dois comandam os oposicionistas para a criação da CPI, porque convictos de que a compra de Pasadena foi ruim como negócio e suspeita no preço e nas condições. Corresponsáveis pela compra e pela obtenção das aprovações no governo e na própria Petrobras, Gabrielli e Nestor Cerveró defendem o negócio em todos os sentidos. A atual presidente da Petrobras, Graça Foster, em depoimento à Câmara, foi direta e clara na opinião de que a compra foi mau negócio.

Para desgastar Dilma Rousseff e o governo, no entanto, Aécio Neves e Eduardo Campos desconsideraram o depoimento objetivo da presidente da Petrobras, e fortalecem Gabrielli e Cerveró, que, levados por seu comprometimento com a compra, precisam contestar Dilma Rousseff e Graça Foster.

Nessa balbúrdia, o que diz sobre os oposicionistas o Gabrielli prestigiado pela oposição é direto e claro: "Irresponsavelmente, a oposição distorce fatos, (...) criando uma narrativa que desinforma a população, prejudica a imagem da Petrobras e atenta na depreciação do seu valor de mercado".

Para quem seria uma das duas estrelas da CPI, Gabrielli não parece propriamente colaborativo com os planos de Aécio Neves e Eduardo Campos para ele: "A oposição precisa aprender que assuntos técnicos requerem uma abordagem diferente do espetáculo de uma CPI em ano eleitoral".

Nada justifica esperanças de que o oportunismo eleitoreiro dê espaço à elucidação responsável, e necessária, do que foi e ainda é a compra da refinaria de Pasadena na história da Petrobras.


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