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Caseiro é preso sob suspeita de vínculo com morte de militar

Polícia diz que empregado de Paulo Malhães confessou ter facilitado entrada de trio que assaltou casa do coronel

Delegado diz que caso é de latrocínio e não uma queima de arquivo; dois dos três procurados são irmãos do caseiro

DO RIO

O caseiro que trabalhava no sítio onde morava o coronel do Exército reformado Paulo Malhães --que reconheceu ter torturado e matado durante a ditadura militar-- foi preso na noite de anteontem sob suspeita de participação na morte do militar.

De acordo com a polícia, Rogério Pires confessou em depoimento que facilitou o acesso para dois irmãos entrarem na casa do coronel na última quinta-feira.

Malhães foi encontrado morto no dia seguinte, com sinais de asfixia, em um dos cômodos da casa, na zona rural de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

Os dois irmãos do caseiro, Rodrigo Pires e Anderson Pires Teles, e outro homem não identificado estão sendo procurados sob suspeita de envolvimento no assalto à casa do militar e na sua morte.

De acordo com o delegado Marcus Maia, um dos suspeitos tem passagem pela polícia, por estupro.

Segundo a polícia, o caseiro negou ter presenciado a ação dos outros três suspeitos dentro da casa de Malhães e afirmou não saber se a morte do militar reformado teria sido acidental ou proposital.

O corpo foi encontrado de bruços, com a cabeça afundada em um travesseiro. O oficial vestia calça jeans, camisa social e estava descalço.

Como o militar tinha problemas cardíacos e sua guia de sepultamento indica como causa da morte "edema pulmonar, isquemia do miocárdio" e "miocardiopatia hipertrófica", é possível que ele tenha enfartado e não morrido por asfixia, como foi inicialmente informado pela Polícia Civil.

Segundo a polícia, trata-se de um caso de latrocínio (roubo que envolve a morte da vítima) e não de uma "queima de arquivo".

Da casa, foram levados dois computadores, um aparelho de som, R$ 700, algumas joias e três armas.

Segundo relatos da viúva do coronel, Cristina Batista Malhães, ela e o marido foram rendidos por três homens armados quando chegavam em casa. Eles teriam arrombado uma janela na cozinha para entrar.

Em seu depoimento, logo após o crime, Cristina disse que latidos do cachorro da família teriam chamado a atenção do caseiro, que foi rendido ao entrar na casa.

Ainda de acordo com a viúva, cada um teria sido levado para um cômodo e ficado sob a guarda de um invasor.

Ontem, o delegado afirmou que o caseiro demonstrou tristeza com a possibilidade de Malhães ter sido assassinado e afirmou que o coronel lhe ajudava quando tinha necessidades financeiras.

AÇÃO NA DITADURA

Malhães morreu um mês depois de descrever minuciosamente, em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, sua atuação na chamada Casa da Morte de Petrópolis, na região serrana do Rio, um centro clandestino de torturas onde cerca de 20 presos políticos teriam sido assassinados no regime militar.

Ele contou ainda ter recebido ordem do CIE (Centro de Informações do Exército) para ocultar a ossada do ex-deputado Rubens Paiva, morto em 1971, mas disse não ter executado a tarefa.

"As investigações estão em curso, mas, à princípio, é crime patrimonial", disse o delegado Marcus Maia. "Eles passaram um mês planejando o crime", afirmou.

O delegado disse ainda que os criminosos estariam atrás das armas que Malhães colecionava e que já pediu ao Exército a listagem dos armamentos que havia na casa. Segundo ele, nenhum dos suspeitos era "bandido profissional" e possivelmente a motivação foi "exclusivamente financeira".

O delegado disse que Malhães era tido como justiceiro na região onde morava, mas ainda não há evidências de que isso seja verdadeiro.

"Não descartamos a possibilidade de alguém a quem o militar repreendeu ou até agrediu no passado ter participado do crime", disse.


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