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A copa como ela é
Entrando em campo
Com país sob os holofotes do Mundial, até 'mata-mosquitos' aproveitam para ir às ruas fazer reivindicações
Com as atenções voltadas para o país, que se prepara para receber a Copa do Mundo depois de 64 anos, movimentos de diferentes origens e motivações aproveitaram os holofotes para protestar em pelo menos 12 regiões metropolitanas ontem.
Motoristas e cobradores de ônibus encabeçaram a maioria dos atos, provocando caos nos transportes e uma série de transtornos à população.
Além deles, foram às ruas sem-teto, sem-terra, servidores e até "mata-mosquitos", agentes de combate à dengue.
São Paulo, com passeatas simultâneas de sem-teto, e Rio e Florianópolis, que tiveram paralisação de motoristas e cobradores, registraram os problemas mais graves.
Por demandas trabalhistas ou sociais, manifestantes agiram ainda nas regiões de Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Campinas (SP), Belém, Manaus, Fortaleza, Salvador, Goiânia e Porto Alegre.
Na capital goiana, usuários do transporte coletivo protestaram num terminal. Um ônibus foi incendiado à noite.
Funcionários do transporte também protestaram em Manaus e em Belém. Dois motoristas foram detidos no Amazonas por abandonarem os ônibus na rua e levarem as chaves, travando o tráfego.
Em Curitiba e em Campinas, a estratégia foi segurar a saída de ônibus das garagens.
A capital paranaense teve ainda ato de sem-teto, que interditaram por duas horas a BR-376, em ação do Dia Nacional por Moradia Digna.
Em Campinas, que enfrenta a maior epidemia de dengue da sua história, agentes estaduais de combate à doença entraram em greve e também decidiram ir às ruas.
Houve prisões de ao menos seis pessoas em Ribeirão das Neves (Grande BH), após um ato que fechou a BR-040 por toda a manhã. Cerca de 500 pessoas pediam melhoria no transporte coletivo --três veículos foram incendiados.
Salvador teve uma manhã de caos com duas passeatas --sem-terra e servidores municipais em greve. Em Fortaleza, garis parados há 15 dias travaram o tráfego. Porto Alegre sediou ato contra a Copa e setores da imprensa local.
PROTESTÔMETRO
Desde 31 de março, a Folha registra os protestos nas dez maiores regiões metropolitanas do país (SP, Rio, BH, Salvador, Porto Alegre, Brasília, Recife, Fortaleza, Curitiba e Campinas). Houve ao menos 193 protestos no período, média de quase cinco ao dia.