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Mantega nega que governo use tarifas para conter preços

Ministro da Fazenda diverge de Mercadante sobre política para inflação

Candidatos de oposição dizem que modelo adotado pelo Planalto alimenta riscos para o próximo governo

DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ontem que o governo controle preços de combustíveis e tarifas de energia elétrica para segurar a inflação, contradizendo declaração do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e acirrando o debate eleitoral sobre a política econômica do governo Dilma Rousseff.

Em entrevista à Folha publicada nesta quarta (14), Mercadante admitiu que o governo tem controlado as tarifas para evitar o impacto que elas teriam na inflação. Críticos da política econômica dizem que esse modelo aumenta os riscos que o próximo governo terá que administrar.

O Planalto tem enfrentado dificuldades para manter a inflação dentro do limite máximo definido pela meta oficial, de 6,5% ao ano, apesar de seguidos aumentos nas taxas de juros pelo Banco Central e mesmo com a atividade econômica em marcha lenta.

Isso fez aumentar a ansiedade do eleitorado com os rumos da economia e reduziu a popularidade da presidente Dilma Rousseff, que concorrerá à reeleição em outubro.

Após participar de uma audiência na Câmara dos Deputados, Mantega citou reajustes recentes nos combustíveis e nas tarifas de energia como prova de que o governo não está represando as tarifas.

"Temos feito, sim, reajustes", disse. "Maior exemplo é o preço da energia, que subiu 18%. Onde está o represamento dos preços?" E acrescentou: "Gasolina tem tido aumentos todo ano no Brasil."

Apesar dos reajustes, os combustíveis não têm acompanhado a alta dos preços internacionais do petróleo, o que causa prejuízos à Petrobras. No setor elétrico, o Tesouro tem bancado boa parte dos custos das concessionárias, adiando para o ano que vem reajustes de tarifas.

"Não é recomendável fazer intempestivamente a correção do preço. Tem que esperar passar essa turbulência, essa volatilidade, depois buscar o alinhamento", disse.

As declarações de Mercadante e Mantega abriram espaço para novos ataques dos dois principais adversários de Dilma na corrida presidencial ao modelo que ela adotou para a condução da economia.

Eduardo Campos (PSB) afirmou que o governo está "tentando fazer uma administração da inflação como se fazia no período pré-real".

"O governo não fez o dever de casa na política monetária e fiscal, a inflação cresceu, e o governo, em vez de ter a humildade de dizer erramos, vamos corrigir, vacilamos quanto ao tripé econômico', vem dizer agora ou é conter as tarifas públicas ou estourar a inflação', isso está errado", afirmou, após participar de encontro com prefeitos de todo o país, em Brasília.

O senador Aécio Neves (PSDB) afirmou que o governo age com "discurso demagógico" sobre a inflação.

"A inflação está aí, é preciso de um governo que gere confiança no mercado e nos cidadãos. (...) Nós corrigimos lá atrás [a inflação], acabamos com ela, e, no momento em que deveríamos estar debatendo a agenda da competitividade, estamos novamente debatendo inflação e congelamento de preços", disse.

Tanto Aécio como Campos, porém, evitaram dizer se fariam reajustes nas tarifas seguradas pela política do governo federal.

Na Câmara, Mantega também defendeu a solução encontrada pelo governo para socorrer o setor elétrico.

O Tesouro vai repassar R$ 13 bilhões ao setor elétrico neste ano. As distribuidoras vão ainda tomar empréstimo de R$ 11,2 bilhões, quantia que será repassada para a conta de luz a partir de 2015.

"No fundo, a conta é do contribuinte. Não fazemos milagre", afirmou o ministro. "Pior seria colocar tudo no consumidor, diretamente."

Eduardo Campos disse que o empréstimo feito para as concessionárias do setor elétrico é um "atentado à economia popular".


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