Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

África do Sul-2010

Atrasos e protestos pareciam condenar a Copa, mas no fim tudo deu certo

FÁBIO ZANINI EDITOR DE "MUNDO"

"Vá embora, máfia da Fifa!". "Se temos dinheiro para estádios, não podemos ter pessoas sem-teto!".

As frases poderiam ser slogans gritados na avenida Paulista, mas são de quatro anos atrás. Foram colhidas no dia mais tenso da Copa da África do Sul, 16 de junho de 2010.

Os anfitriões jogavam em Pretória sua segunda partida, derrota de 3 a 0 para o Uruguai, numa data repleta de simbolismo.

Naquele dia, em 1976, começou a revolta de Soweto, quando jovens da periferia de Johannesburgo pela primeira vez desafiaram o apartheid.

Na África do Sul, o 16 de junho é uma data de mobilização, e no ano da Copa não podia ser diferente.

Em Durban, 3.000 pessoas marcharam contra os gastos do evento. A manifestação foi apoiada por terceirizados que participavam da segurança nos estádios e reclamavam de pagamento atrasado.

Houve confrontos com a polícia, e os protestos se espalharam para outras cidades. Por um dia o Mundial parecia condenado. O mau humor vinha sendo fermentado fazia algum tempo.

Num país traumatizado pela remoção forçada de negros durante o regime racista branco, foi pesado o impacto da "limpeza" de regiões próximas a pontos turísticos.

Na Cidade do Cabo, famílias foram jogadas para uma cidade de lata a 30 km do centro, numa área degradada atrás da pista do novíssimo aeroporto internacional. Para sorte dos organizadores, os sul-africanos não tinham movimento sem-teto organizado.

Atrasos houve muitos, na construção de estádios e nas obras do "legado" da Copa.

O Soccer City, onde ocorreram a abertura e a final, só ficou 100% pronto a um mês do apito inicial --jamais a Fifa imaginaria que com o Itaquerão seria ainda pior.

Antes como agora, Jérôme Valcke era o rotweiller em chefe da Fifa, temido e detestado no país.

Não chegou a ameaçar um chute no traseiro dos organizadores, mas deixou correr solta até o último minuto a versão de que poderia haver um plano B para o Mundial.

No fim, os protestos acabaram sendo localizados, os estádios funcionaram bem e até Valcke tentou ser simpático.

Numa entrevista coletiva, disse que, após passar no teste com louvor, a África do Sul é que podia ser o plano B de futuras edições. Saiu abraçado aos membros do comitê local, certamente já pensando no próximo alvo, o Brasil.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página