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Coreia e Japão-2002

Mundial high-tech perdeu a chance de reaproximar as duas Coreias

ROBERTO DIAS SECRETÁRIO-ASSISTENTE DE REDAÇÃO

Às portas da Copa do Mundo de 2002, a única feita em dois países, a Coreia do Sul, anfitriã do jogo de abertura, estava pronta, e também um bocado angustiada.

Pronta porque o país tinha erguido dez estádios novos, alguns deles lindos, e isso economizando adjetivo, como convém ao jornalismo.

Pronta porque Incheon, o maior aeroporto de lá, fora inaugurado havia mais de um ano, e de tão azeitado logo ganharia oito vezes seguidas o título de melhor do mundo.

Pronta porque, cinco anos antes de Steve Jobs apresentar o iPhone já se viam ali humanos caminhando de cabeça baixa e olho na tela brilhante. A Coreia oferecia conexão de banda larga em telefone público, 12 anos atrás.

Mas havia a angústia, e ela nada tinha a ver com concreto, terminais ou fibra óptica.

Estava relacionada a gente muito parecida com os sul-coreanos, que vivia acima do paralelo 38, em território separado desde os anos 50 por um conflito da Guerra Fria.

Um desfile conjunto na abertura de Sydney-2000 entrara para a história olímpica como símbolo da reaproximação entre norte e sul-coreanos. A Copa era oportunidade óbvia. Havia até planos de jogos no norte.

Só que vieram os atentados de 11 de Setembro de 2001. Vieram George W. Bush e seu discurso no início daquele 2002 sobre o "eixo do mal": Irã, Iraque e...Coreia do Norte. Vieram convites para a Copa jamais respondidos pelos norte-coreanos.

A Coreia do Sul usava o Mundial para se mostrar mais high-tech que o outro anfitrião, o Japão, mas aquele "do Sul" pesava, e como. A tensão com o norte, somada aos atendados do 11 de Setembro, catalisava a paranoia do país com segurança.

Quem estava lá via também que o ingresso nominal, resposta à bagunça de 1998, tinha fracassado.

Uma central sindical prometia greves homéricas --no fim, e com mão dura, o governo contornou o problema.

Os coreanos quebravam a cabeça para diminuir o vazio dos estádios porque a falta de turistas já se desenhava (mas os poucos que chegavam eram muito bem recebidos; crianças cercavam ocidentais no metrô para testar o inglês).

Se faltava gente de fora do país, sobraria gente para fora de casa. O imenso orgulho nacional visível no pré-Copa se materializaria, durante o Mundial, em multidões sentadas nas ruas e calçadas para torcer pela seleção.


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