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Dilma diz ter dois candidatos para derrotar Alckmin em SP
Em jantar com o PMDB, petista afirma contar com Skaf, e não só com Padilha
Presidente indica aposta em palanque duplo para assegurar 2º turno na eleição para governador do Estado
Em jantar com líderes do PMDB na noite desta terça-feira (27), a presidente Dilma Rousseff ressaltou a importância de derrotar o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), nas eleições deste ano e disse contar com o partido aliado para interromper a hegemonia dos tucanos, que governam o Estado há quase duas décadas.
A Folha obteve uma gravação com a íntegra do discurso de cerca de 25 minutos que Dilma fez a dirigentes, congressistas e governadores peemedebistas reunidos no Palácio do Jaburu, sede da Vice-Presidência da República.
Em sua fala, a presidente afirmou que o candidato do PMDB em São Paulo, o líder empresarial Paulo Skaf, é parte da "fórmula" para levar a disputa ao segundo turno.
"Temos duas candidaturas, uma que é a do ex-ministro [Alexandre] Padilha [PT], e o Skaf. Acredito que é essa a fórmula do segundo turno", disse. "Quero enfatizar esse fato, a gente não pode ser ingênuo e não perceber o que significa uma derrota dos tucanos em São Paulo, sendo bem clara."
Depois de emplacar a petista como sua sucessora em 2010 e derrotar o PSDB na disputa pela Prefeitura de São Paulo em 2012, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva trata a eleição de Padilha como sua prioridade nas eleições estaduais deste ano.
Segundo o Datafolha, no fim do ano passado Alckmin tinha 43% das intenções de voto, Skaf estava com 19% e Padilha aparecia com 4%.
Os petistas estimularam a candidatura de Skaf por algum tempo com base no raciocínio de que ele seria útil para dividir o eleitorado tucano e levar a eleição paulista ao segundo turno, onde Padilha acredita ter lugar garantido por causa da força do PT.
Mas a demora do ex-ministro para decolar nas pesquisas tem levado os petistas a tentar minar a candidatura de Skaf, com medo de que o PT fique fora do segundo turno.
No jantar com o PMDB, Dilma não fez distinção entre Skaf e Padilha e não disse quem prefere na disputa.
A presidente também fez rasgados elogios a candidatos do PMDB em outros Estados, incluindo aqueles em que o partido aliado trava batalha abertamente contra o PT.
Ao falar do Rio, a presidente evitou mencionar o candidato petista, senador Lindbergh Farias, e elogiou o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), adversário de Lindbergh, e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
"Em poucos lugares do Brasil construímos uma parceria tão fluída", afirmou.
Outro alvo dos afagos de Dilma foi o senador Jader Barbalho (PA), que na década passada renunciou ao mandato de senador e chegou a ser preso sob suspeita de desvios de recursos públicos.
"Tenho um grande respeito pelo Jader Barbalho. Acredito hoje que o Jader tem muita sorte, tem um filho que pode continuar a caminhada dele", disse Dilma, referindo-se à candidatura de Helder Barbalho ao governo do Pará.
No fim do discurso, Dilma mirou os adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), incluindo sua provável vice, Marina Silva.
"Eles dão uma no ferro e uma na ferradura: são contra o agronegócio porque o agronegócio polui e produz veneno para as pessoas se alimentarem e, ao mesmo tempo, são a favor do agronegócio", disse a presidente, em clara referência à resistência de parte do agronegócio ao nome da ambientalista Marina.