Folha de S.Paulo

Prefeitura diz ter fiscalizado obra, mas não descarta erro

DE BELO HORIZONTE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A obra do viaduto Batalha dos Guararapes estava na fase de retirada de escoras havia alguns dias, disse nesta sexta (4) o secretário de Obras e Infraestrutura de Belo Horizonte, José Lauro Terror.

Ele não eximiu a prefeitura da responsabilidade por eventuais erros que levaram à queda da estrutura, mas afirmou que todos os itens de fiscalização a cargo do poder municipal foram cumpridos.

Na tragédia, duas pessoas morreram --os motoristas de um micro-ônibus e de um Fiat Uno-- e outras 23 se feriram.

"Nós entendemos que sim, houve um erro", disse. "Estamos em etapa de identificação da causa. A responsabilidade é solidária de várias entidades e empresas que participaram do processo."

Sobre a retirada das escoras, o secretário disse que era etapa técnica prevista em cronograma. "Em nenhum momento essas escoras foram retiradas contrariando os mais rigorosos padrões de engenharia." As escoras ficaram "o tempo necessário", disse.

Uma das testemunhas do acidente, o pedreiro Rodézio Brandão, 35, disse à Folha que o concreto do viaduto estava "verde", sem condições de se sustentar. Ele trabalhava em uma rua próxima.

A Cowan disse que todos os procedimentos e materiais usados passaram por testes obrigatórios e atenderam às normas, sem apresentar problema. Afirmou ainda que demolirá o viaduto e que contratou perícia para apurar as causas do desabamento.

O secretário de Obras não falou quando o viaduto foi vistoriado pela última vez nem se a prefeitura detectou problema durante a obra.

Segundo ele, os serviços de fiscalização são bastante "complexos" e exigem preenchimentos de diários de obras, nos quais tudo deve ser anotado e registrado.

Outras obras de mobilidade contratadas pela prefeitura passarão agora por "exames adicionais", disse ele, mas elas não irão parar.

CONSTRUÇÃO

O viaduto integra a obra para implantar o BRT em Belo Horizonte, que deveria ter ficado pronta antes da Copa, mas atrasou. A construção foi contratada em 2011 por R$ 171,1 milhões, pagos pela prefeitura com verba federal.

Vencedora da concorrência, a mineira Cowan integra consórcio que faz a linha 4 do metrô do Rio. Entre as obras já executadas estão a rodovia Carvalho Pinto e o prolongamento da avenida Jacu-Pêssego, em São Paulo.