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A Copa como ela é

Ativista preso tem cabelo cortado e pede livro de 'Harry Potter'

Há 17 dias na prisão, estudante e funcionário da USP precisou abandonar dieta vegetariana em Tremembé

Fábio Harano, que está em cela comum, é acusado de 5 crimes; ele nega e afirma que polícia 'plantou' prova

CESAR SOTO DE SÃO PAULO

Preso há 17 dias num ato anti-Copa, o estudante de jornalismo e funcionário da USP Fábio Hideki Harano, 27, divide uma cela com dois detentos em Tremembé (a 147 km da capital), onde teve que se adaptar a uma rotina bem diferente do cotidiano dos protestos.

Ao chegar à prisão, o manifestante teve o cabelo cortado e foi obrigado a abandonar o vegetarianismo por falta de opções no cardápio prisional.

Acusado de associação criminosa e outros quatro crimes, Fábio ficou dez dias em adaptação no presídio até ser alojado em uma cela comum.

Ele diz ser inocente e nega ter usado a tática "black bloc", que prega a destruição do patrimônio público e privado.

Para o advogado de Harano, a polícia "plantou" uma prova contra ele, um explosivo não apresentado publicamente. A Secretaria da Segurança não comentou.

Sua defesa entrou com dois pedidos de habeas corpus, um na Justiça de São Paulo e outro no Superior Tribunal de Justiça, que foram recusados.

Segundo seu irmão, Alexandre Harano, 28, que o visitou duas vezes, o ativista não tem reclamações de detentos ou funcionários.

Ele conta que Fábio tem se exercitado na academia da prisão e passa o tempo lendo livros. Na última visita, pediu que lhe trouxesse "Harry Potter e a Ordem da Fênix" e "Introdução à Economia".

"Meu irmão tem interesse por hobbies que estimulam a imaginação", diz Alexandre, que lista as obras de J.R.R. Tolkien, jogos de RPG, desenhos japoneses e a prática do kendô, arte marcial baseada no uso de espadas samurais, entre os preferidos de Fábio.

Afirma que seus pais estão tranquilos, pois "sabem que ele é inocente": "Eles esperavam que algum conflito com a polícia pudesse ocorrer, mas não nessas proporções."

Os irmãos cresceram em Vitória (ES) e voltaram a viver juntos em São Carlos, onde faziam faculdade. Em 2005, Fábio foi estudar na Poli (Escola Politécnica da USP) e passou a morar sozinho na capital.

"No começo de 2009, tivemos um desentendimento e ficamos sem conversar até a sua prisão", conta Alexandre.

O amigo Vinicius Becker, 27, conheceu Fábio durante a ocupação da reitoria da USP em 2007. Eles foram detidos juntos em 2011, em nova ocupação, sob acusação de desobediência a ordem judicial e dano ao patrimônio.

"O processo [na Justiça] ainda está correndo. No processo administrativo da USP a gente só pegou uma suspensão", conta Becker.

Ele e Alexandre dizem que o ativista atua de forma independente. "Sempre tivemos críticas à maioria dos coletivos presentes no movimento estudantil", diz Becker.

Rafael Padial, militante do Território Livre, diz que Fábio participa de protestos na linha de frente, mas sem se envolver em conflitos.

"Ele não é black bloc'. Não age atacando a PM, no máximo usa o corpo para proteção de manifestantes. É adepto da defesa, não do ataque."


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