Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Poder

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Banco dos EUA ajudou doleiro a trazer dinheiro ao Brasil, diz delator

Laranja de Youssef em empresas americanas afirma que Merrill Lynch simulou empréstimo

Advogado conta à Justiça que contratos de consultoria de empreiteiras com doleiro eram falsos

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

O banco americano Merrill Lynch ajudou o doleiro Alberto Youssef a trazer para o Brasil US$ 3,5 milhões que ele tinha nos Estados Unidos por meio de uma operação simulada, segundo depoimento do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa. A remessa do dinheiro ocorreu em 2008.

Pereira da Costa é laranja de Youssef em uma empresa no Brasil e em duas nos Estados Unidos e decidiu fazer um acordo de delação premiada --ele diz estar contando o que sabe à Justiça para tentar obter uma pena menor.

O advogado foi preso junto com o doleiro em março deste ano pela Operação Lava Jato da Polícia Federal, sob acusação de integrar uma quadrilha que teria atuado na lavagem de R$ 10 bilhões.

O banco Merrill Lynch montou uma operação para disfarçar a falta de origem do dinheiro do doleiro, segundo o advogado. Youssef depositou US$ 3,5 milhões no Merrill Lynch em Nova York e o banco abriu uma linha de crédito para uma empresa controlada pelo doleiro, a GFD Investimentos, de acordo com o delator. O valor correspondia a R$ 7 milhões.

O advogado emprestou seu nome para Youssef criar a GFD. Segundo ele, a operação foi sugerida ao doleiro por Júlio Lage, gerente do Merrill Lynch em Nova York, porque o banco não aceitava que o dinheiro simplesmente passasse por uma conta, o que caracterizaria uma operação suspeita e seria investigada por órgãos que atuam contra lavagem de dinheiro.

Lage foi citado nas investigações sobre o mensalão por uma das secretárias do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza. Segundo Fernanda Karina, Valério tinha contatos frequentes com o gerente do banco.

O Merrill Lynch foi vendido ao Bank of America em setembro de 2008, no auge da crise financeira que abalou os mercados globais, porque corria o risco de quebrar.

PROPINA NA PETROS

O advogado também contou que o fundo de pensão da Petrobras, o Petros, investiu R$ 13 milhões numa empresa que era controlada pelo deputado José Janene (PP-PR), que morreu em 2010, depois que dois diretores da entidade receberam propina. Pereira da Costa citou só um dos beneficiados pelo suborno, Humberto Pires.

A empresa que recebeu o recurso do fundo de pensão é a Indústria Metais do Vale, que fica em Barra Mansa (RJ). A propina saiu do valor investido pelo Petros, segundo Pereira da Costa.

Ainda de acordo com o delator, as empreiteiras Mendes Junior e Engevix contrataram a GFD para prestar serviços de consultoria que a empresa do doleiro não tinha condições de prestar. "Era uma forma de justificar o ingresso de recurso na empresa. A GFD não prestava esse serviço.

O advogado diz ainda que "vários deputados" passavam pelo escritório de Youssef para pegar dinheiro. "Ele [Youssef] ficava no fundo do escritório. Entravam pessoas com dinheiro e saíam pessoas com dinheiro. Era um banco de lavagem de dinheiro".

Quando Pereira da Costa começou a falar sobre parlamentares, o juiz federal Sergio Moro disse: "O senhor não precisa entrar em detalhes". Parlamentares gozam de foro privilegiado e só podem ser investigados pelo Supremo.

OUTRO LADO

O Bank of America, que comprou o Merrill Lynch, diz que não comenta a acusação por desconhecer o assunto.

O Petros diz que não teve acesso à investigação e por isso não pode se pronunciar.

A Mendes Junior diz que todos os seus contratos seguem as "normas legais". As outras empresas não se pronunciaram sobre as acusações.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página