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Doleiro decide fazer acordo de delação, diz advogado

Segundo defensor, que deixará o caso, família convenceu Youssef a negociar

Processo está apenas no início; até agora, ele não prestou depoimento nem assinou compromissos

ANDRÉIA SADI DE BRASÍLIA MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

Com a perspectiva de ser condenado a mais de cem anos de prisão nas 12 ações penais em que é réu, o doleiro Alberto Youssef, preso em 17 de março na Operação Lava Jato da Polícia Federal, decidiu negociar um acordo de delação premiada para tentar abrandar sua situação na Justiça.

Até agora, no entanto, ele não assinou nenhum acordo nem prestou depoimento. A Folha apurou que, se quiser levar adiante uma eventual delação, terá de ficar três anos em regime fechado.

A informação da negociação foi revelada pela Folha. O advogado do doleiro junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), Antônio Carlos de Almeida Castro, lamentou a decisão.

"A família convenceu-o a fazer uma delação. É uma pena, temos uma tese jurídica que era importante no STJ. A família cansou e estou saindo do caso", diz o criminalista, conhecido como Kakay.

Na última semana, Kakay e Figueiredo Bastos, que também defende Youssef, ingressaram com um pedido de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça) no qual pedem a anulação de todas as provas da Lava Jato, por considera-las ilícitas, e o afastamento do juiz do caso.

Segundo eles, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo caso, havia se declarado suspeito em 2010 para julgar uma questão relacionada a Youssef e à delação que ele fez em 2004. Para a defesa de Youssef, o juiz não poderia ter atuado na Lava Jato.

Para Kakay, o Ministério Público exigirá que o doleiro desista das teses de defesa para fazer a delação, assim como ocorreu com Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. "Isso é um escândalo. É uma forma de subverter as teses processuais", afirma.

Diferentemente de Kakay, que anunciou que deixará o caso, Bastos diz que ainda não decidiu o que fazer. Ele poderá acompanhar a negociação da delação, mas diz que não quer saber os nomes que Youssef pode implicar.

Além da pressão familiar, pesou sobre o doleiro a delação premiada acertada pelo ex-diretor da estatal de petróleo, que ainda depende de aprovação do STF (Supremo Tribunal Federal).

A Lava Jato é a operação que desvendou uma milionária rede de desvio de recursos da Petrobras, que envolve ex-executivos da petroleira, políticos e empresários.

DEPOIMENTOS

Costa já prestou depoimentos sigilosos em que citou políticos que segundo ele estavam envolvidos no esquema, além de apontar que a corrupção atingia outras diretorias da Petrobras --com indicados ligados ao PT e ao PMDB no topo da lista de suspeitos.

Youssef era o principal doleiro do esquema, que teria movimentado R$ 10 bilhões. Segundo a PF, ele era o responsável por lavar o dinheiro do desvio no exterior e repatriá-lo para o pagamento de propinas.

Youssef já foi beneficiado em 2004 com o instituto da delação premiada, depois de ter sido preso sob a acusação de ter enviado US$ 5 bilhões ao exterior.

Na época, o doleiro entregou políticos de terceiro escalão do Paraná, pagou uma multa de cerca de R$ 1 milhão e conseguiu deixar a prisão com US$ 23 milhões.

Como Youssef voltou ao mercado de dólar, o juiz reabriu oito ações penais daquela época. Numa delas, na semana passada, ele foi condenado a quatro anos de prisão.


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