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Eleições 2014

Um dia após se tornar ficha-suja, Maluf manda sua equipe sorrir

Declarado inelegível, deputado recorrerá para tentar reverter decisão do TSE e hoje fará carreata

Há uma semana, em jantar regado a vinho raríssimo no Brasil, deputado disse ser '101% elegível'

CATIA SEABRA MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

Paulo Maluf adora contar uma piada em que duas portuguesas reclamam de seus maridos. Maria diz que Manoel já não lhe procura à noite, como fazia na juventude. Joana diz que seu caso é ainda pior: "O Joaquim não me bate mais".

Maluf aplica a moral da história, de teor machista, à vida pública: é melhor apanhar do que enfrentar a indiferença. Há uma semana, ele repetiu a piada ao empresário Sergio Habib, sócio da JAC Motors e amigo do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP), que desistiu da reeleição por causa de investigações sobre sua evolução patrimonial.

Maluf foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma semana depois dessa conversa com Habib. Mas, diferentemente de Chalita, não desiste. Vai recorrer ao TSE e ao STF (Supremo Tribunal Federal) e nesta quinta-feira (25) mesmo promete fazer uma carreata em São Paulo.

Engenheiro formado pela Politécnica da USP, ele adora números. Diz que numa carreata é visto por 2.000 pessoas por hora, o que resulta em 12 mil aparições numa jornada de seis horas.

"Sorrir" foi a orientação que passou aos assessores na manhã desta quarta (24), um dia após a decisão do TSE de barrar sua candidatura com base na Lei da Ficha Limpa.

Só que ele mesmo se mostrou irritado com o desempenho de seus advogados. Em reunião com assessores, Maluf reclamou ainda da atuação da relatora do seu processo na corte, Luciana Lóssio.

Como o julgamento foi transmitido pela TV Justiça, ele assistiu à sessão no quarto do casarão em que vive no Jardim Europa. Insatisfeito, mandou seus advogados permanecerem em Brasília.

Além da batalha judicial, o ex-governador de São Paulo terá que enfrentar a resistência de seu próprio partido, descontente com sua concentração de poder.

O presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), duvida da hipótese de o STF reverter a decisão. "O próprio Maluf disse que essa seria sua última eleição", justificou Nogueira.

Mantida a decisão, Maluf deve perder o controle do partido em abril. Para respaldar a medida, integrantes do PP argumentam que, pela praxe, a presidência estadual do PP deve ser ocupada por um deputado federal eleito.

Nesta quarta, indignado com o que assistira em uma hora e meia de sessão, o deputado não exibia o mesmo humor da semana passada, quando encontrou Habib num restaurante em São Paulo.

Enquanto saboreava um Chateau Lafite 1966, raríssimo no Brasil e que custa o equivalente a R$ 1.500 nos Estados Unidos, Maluf dizia ser "101% elegível".

Seguindo a lógica de que é melhor ser atacado do que ignorado, listou suas obras à frente da administração pública: "Eu poderia ser como a Erundina e ficar sentado no gabinete", ironizou, dizendo que fez um favor ao hoje prefeito Fernando Hadad (PT) por ter afugentado Erundina da chapa do PT para a Prefeitura de São Paulo.

Naquela noite, ao elogiar a presidente Dilma Rousseff (PT), disse que a petista tem o defeito de guardar mágoas de desafetos. "Se eu fosse como Dilma, não falaria com 90% de São Paulo."


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