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Ministério Público pode adotar cotas para negros em 2015

Medida é objeto de dois processos em discussão no CNMP, órgão de controle nacional dos procuradores

Antes da decisão da Bahia, só os Ministérios Públicos do Paraná, do Rio Grande do Sul e do Rio tinham reservas

JOÃO CARLOS MAGALHÃES DE BRASÍLIA

O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) deve decidir até o início de 2015 se os Ministérios Públicos de todo o país terão de adotar cotas para negros em seus concursos de admissão.

Segundo conselheiros ouvidos pela Folha, há um ambiente favorável na entidade à aprovação da medida.

A questão é discutida em pelo menos dois processos que correm no conselho, órgão de controle cujas decisões afetam os Ministérios Públicos dos Estados e da administração federal.

Um dos casos é um requerimento, feito pela ONG Educafro, para a adoção da reserva de vagas no Ministério Público do Trabalho. O outro é um pedido de suspensão de um recente concurso lançado pela Promotoria da Bahia, já com 30% de cotas.

O relator do primeiro procedimento decidiu que o conselho deveria, em vez de julgar apenas um processo isolado, discutir as cotas de maneira geral dentro do Ministério Público. A conclusão desse debate irá definir o destino do segundo processo.

Não é certo ainda qual seria o modelo a ser adotado pelas Promotorias e Procuradorias, como a quantidade de vagas a serem reservadas.

Não foi definido também o melhor caminho legal para a implementação da decisão --se por uma resolução do conselho ou um projeto de lei, que teria então de ser discutido pelo Congresso.

A criação de uma resolução ou de uma lei sobre o assunto não impede que Assembleias Legislativas estaduais criem suas próprias normas obrigando Promotorias a ter cotas raciais.

Uma audiência pública foi realizada em setembro para debater o tema, e ali ficou claro que não há entre promotores e procuradores uma rejeição às cotas, afirmou Fábio George Cruz da Nóbrega, conselheiro e relator do caso da Bahia. Segundo ele, existe uma "ampla maioria a favor" desse tipo de política.

DECISÃO POLÍTICA

Jarbas Soares Júnior, conselheiro e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais do conselho, também considera que o clima é amistoso para a adoção da reserva racial, mas prefere não fazer previsões, em razão da polêmica que o tema suscita.

"Não vejo empecilhos legais. Será uma decisão política", disse Soares Júnior.

O debate no CNMP ocorre no rastro da aprovação de uma lei, em junho deste ano, que garante 20% das vagas de concursos públicos do Executivo federal para pessoas negras. Existem também cotas para negros e indígenas no sistema público de ensino superior. Em 2012, o STF decidiu pela legalidade das chamadas "ações afirmativas" nas instituições de ensino.

Diferente do Executivo, o Judiciário e o Legislativo não têm ainda legislações gerais sobre a adoção de reserva de vagas em concursos com base no critério de raça.

Em agosto deste ano, Cármen Lúcia, ministra do STF, não acatou um pedido para estender o mesmo esquema de cotas de 20% para negros em concursos nos outros dois Poderes. Para ela, decidir sobre o assunto seria interferir na capacidade do Congresso de legislar sobre o assunto.

Antes da decisão da Promotoria da Bahia, apenas os Ministérios Públicos de Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro haviam implantado algum tipo de reserva de vagas.

Para Soares Júnior, ao julgar a questão, o CNMP dará segurança jurídica a concursos que já utilizam cotas. No total, os Ministérios Públicos do país têm em torno de 21,3 mil servidores de carreira.


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