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Mensalão - o julgamento
Dividida, oposição pede investigação contra Lula
PPS e ala do PSDB querem apuração de suposto elo de petista com mensalão
Para DEM e tucanos que não assinaram pedido, fracasso da ação pode dar 'atestado de bom-moço' ao ex-presidente
Lula Marques/Folhapress | ||
Roberto Freire segura o pedido entregue à PGR, acompanhado de congressistas da oposição |
Integrantes da oposição pediram ontem à Procuradoria-Geral da República a abertura de inquérito para investigar se o ex-presidente Lula teve participação no esquema do mensalão.
O documento foi assinado pelo PPS e por alguns integrantes do PSDB -sem consenso, contudo, entre todos os integrantes da sigla. O DEM não quis chancelar o pedido e ficou de fora.
O texto diz que as recentes afirmações atribuídas ao empresário Marcos Valério Fernandes de Souza justificam a abertura de investigação que tenha Lula como foco.
Ele cita trechos de reportagens da revista "Veja" que, em setembro, publicou que o empresário acusa o ex-presidente de chefiar o mensalão.
Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão no julgamento do mensalão, que ainda não terminou.
No pedido à PGR, os signatários afirmam que Lula tinha uma "íntima ligação" com o então ministro José Dirceu (Casa Civil), condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha.
O texto pede que o procurador solicite à revista indícios listados nas reportagens.
A Procuradoria vai analisar o pedido para decidir sobre a abertura do novo inquérito.
Como o ex-presidente Lula não possui mais foro especial no STF, a Procuradoria poderá enviar o pedido à primeira instância do Ministério Público Federal, que decidirá se segue a apuração ou arquiva o caso.
DIVISÃO
PPS, PSDB e DEM haviam elaborado o documento na semana passada, mas parte do grupo recuou por considerar prudente esperar o fim do julgamento do mensalão.
O PPS anunciou que encaminharia o documento sozinho e, ontem, três tucanos decidiram assinar o texto: o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), o senador Aloysio Nunes (SP) e o deputado Mendes Thame (SP).
Eles tomaram a decisão sem o aval do presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que está afastado para tratamento médico, e do presidente interino, Alberto Goldman, que foi apenas informado da decisão no início da tarde.
O DEM avisou que ficaria fora por avaliar que, sem indícios concretos da participação de Lula, o pedido tende a naufragar e, de quebra, render um "atestado de bom-moço" para o ex-presidente.
"A prudencia recomenda aguardar o surgimento de evidência mais consistentes para não queimar cartucho nem dar tiro no pé", disse o presidente da sigla, o senador Agripino Maia (RN).
Presidenciável, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não endossou a representação. "Não foi uma questão discutida amplamente no partido. Mas respeito porque é uma forma de a Procuradoria estar atenta."
Petistas criticaram. "É completamente descabido. A mesma pessoa que disse que Lula não tinha nada a ver com isso agora diz que ele tem", disse o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA).
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