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Pivô de escândalo suspeitava que estava grampeado

Paulo Vieira demonstrou preocupação em conversas com o irmão Rubens e o ex-senador Gilberto Miranda

Família veio da Bahia e se aproximou de Rose Noronha, que fez a aproximação deles com a ala sindical do PT

MARCO ANTÔNIO MARTINS DO RIO

Em abril deste ano, Paulo Vieira, ex-diretor de hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), apontado pela Polícia Federal como chefe do esquema de corrupção de agentes públicos da União, começou a suspeitar de que estava sendo grampeado.

O inquérito da PF na Operação Porto Seguro também levanta a suspeita de que Vieira tenha sido avisado de que respondia a outro inquérito sigiloso, na área cível, por suposta improbidade.

Em conversas com o irmão Rubens Vieira, ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), e com o ex-senador Gilberto Miranda, Vieira demonstra preocupação e diz que não quer falar nada pelo celular. Na época, as investigações tinham 13 meses.

"Mas eu tenho falado cada vez menos, né, uso muito mais rádio, que também deve ser outra bosta... Porque até nos Estados Unidos grampearam o Demóstenes [Torres, ex-senador]", diz ele, em telefonema gravado pela Polícia Federal, na qual se refere às interceptações de ligações feitas pelo empresário Carlinhos Cachoeira.

A primeira referência ao medo de ser grampeado aparece em 15 de abril, durante conversa de quatro minutos com o irmão. Na ocasião, os dois falavam sobre a licitação dos aeroportos no país.

No dia seguinte, Gilberto Miranda telefona para Vieira e oferece o seu jato particular. O diretor da ANA tenta interromper a conversa e, quando consegue, pede que eles se falem por telefone fixo.

O inquérito da Polícia Federal mostra que Vieira viajou no dia 17 de abril para o Piauí em um jato particular. A PF suspeita de que a aeronave pertença a Miranda.

O ex-senador é flagrado em outras conversas avisando a Vieira de que os "meninos" (pilotos) estavam chegando a Brasília para buscá-lo.

Em outra conversa com Miranda, Vieira o interrompe. "Não fale comigo, não fale comigo uma palavra por telefone", disse ao interlocutor.

Apesar de temer grampos, Vieira não interrompeu as conversas com o irmão. Em uma delas voltou a falar do ex-senador Demóstenes Torres. Disse que trataria do caso em sua tese em filosofia, na qual pretendia discutir o conceito de ética.

No desenrolar da conversa, o ex-diretor da ANA aproveita para atacar os membros do Ministério Público. O ex-senador é procurador de Justiça em Goiás.

"Mas o tanto de gente que tem no Ministério Público daquele jeito, um dos lugares que mais tem gente safada... Uns falsos moralistas, uns tremendos pilantras", diz.

Paulo e Rubens Vieira estão presos e seus advogados não foram encontrados para comentar o caso. O ex-senador Gilberto Miranda não ligou de volta.

Vieira é um quadro importante do PT paulista. Ele e o irmão, nascidos na Bahia, migraram para São Paulo e conheceram Rosemary Noronha, que os aproximou da ala sindical do PT no ABC.

Contador, Vieira chegou a ser candidato a vereador pelo partido em Gavião Peixoto (SP) em 2004, mas não se elegeu. Com a eleição de Lula, em 2002, Vieira continuou a ascender na estrutura do partido e chegou ao governo.


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