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Campanha de Haddad tem dívida de R$ 26 mi
PT deve assumir responsabilidade de pagamento; Serra (PSDB) também termina com deficit
O prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), terminou sua campanha com uma dívida de R$ 26 milhões, segundo dados entregues pelo candidato à Justiça Eleitoral publicados ontem. Ele informou ter arrecadado R$ 42 milhões e ter tido despesas de R$ 68 milhões.
O maior gasto do petista foi com o marqueteiro João Santana, que recebeu cerca de R$ 30 milhões pela propaganda da campanha -incluindo programas de rádio e televisão. Haddad gastou ainda outros R$ 11 milhões com publicidade impressa e por meio de carros de som.
O montante recebido em doações corresponde a menos da metade do que ele havia informado à Justiça como previsão máxima de gastos.
Via assessoria, a campanha petista afirmou que tanto a arrecadação como as despesas ficaram "abaixo do previsto" e que o "deficit será assumido pelo PT".
Do total arrecadado, R$ 38 milhões (90%) foram recebidos por meio de doações intermediadas pelo partido, as chamadas doações ocultas.
A prática não é ilegal, mas impossibilita que se conheça o doador original do dinheiro. Por isso, o recurso é usado por empresas que não querem ter seu nome diretamente associado aos candidatos.
A maioria desses recursos foi repassada via Direção Nacional do PT. A instância partidária recebeu R$ 177 milhões em doações. Sua maior financiadora foi a Andrade Gutierrez, com R$ 18 milhões.
Entre os doadores diretos de Haddad, os maiores foram a construtora OAS e o banco Itaú -R$ 1 milhão cada um.
Cerca de metade das doações ao petista foram feitas depois de ele ter passado para o segundo turno, e 10% depois de ele já ter sido eleito.
Entre os que doaram com a disputa definida estão a Gafisa, a Catch Empreendimentos e a Votorantim.
O adversário de Haddad no segundo turno, José Serra (PSDB), também informou ter gastado mais do que o total arrecadado. Segundo a prestação do comitê financeiro do candidato, onde eram centralizadas doações e despesas, o tucano recebeu R$ 34 milhões e gastou R$ 53 milhões.
Serra também foi abastecido majoritariamente por doações ocultas: 82% do total.
Entre os doadores diretos de Serra lideram a Amil e a Amico, da área de saúde, a JHS Incorporações e a construtora OAS, com R$ 500 mil.