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Prefeita afastada afirma ter sido condenada por 'indícios'

Micarla (PV), de Natal, teve que deixar cargo após denúncias de corrupção

Acusada de usar verbas públicas para compras, ela diz que já tem família rica e se endividou para ajudar 'necessitados'

RENATA MOURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATAL

Afastada da Prefeitura de Natal há um mês sob suspeita de desviar dinheiro público, Micarla de Sousa (PV) diz ser um "arquivo vivo" e que foi "condenada moralmente" apenas por "indícios".

Em entrevista à Folha, a jornalista de 42 anos, cuja gestão era reprovada por 92% da população, afirma que seu "martírio" começou após "dizer não" a "poderosos e influentes" do Estado.

Ela não tentou a reeleição nas eleições deste ano. Quem assumiu a prefeitura foi seu vice, Paulinho Freire (PP)

Segundo apurações do Ministério Público, havia uma rede de corrupção na prefeitura, alimentada por verbas da saúde e da educação.

Os recursos públicos teriam bancado supermercado, joias e até funcionários pessoais da prefeita afastada.

Dona da afiliada local do SBT, Micarla afirma que já vinha de família rica e que se endividou por ajudar "pessoas necessitadas".

Leia trechos da entrevista.

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Folha - Como está a rotina desde o afastamento?

Micarla de Sousa - É a primeira vez que sou mãe "full time". É um aprendizado.

O que foi mais difícil nesse período?

Ver quantas máscaras caíram. Como o poder faz amigos e a falta dele afasta as pessoas, porque 90% das pessoas que me rodeavam desapareceram.

A sra. recorreu para tentar voltar à prefeitura.

Fui julgada por indícios, condenada moralmente sem direito à defesa. Nem o pior dos bandidos passou pelo que passei. [A Justiça negou os pedidos de retorno ao cargo.]

Como avalia as acusações?

Vim de família que já tinha estrutura financeira. Agora chegar e dizer que Micarla teve gasto mensal de R$ 140 mil. Onde? Será que o fato de alguém dever, ter cheque especial estourado, dá a alguém direito de pensar que é uma pessoa má, sem caráter?

Como chegou a essa situação?

Por não conseguir dizer não a pessoas necessitadas. As pessoas podem achar piegas ou duvidar, mas isso provocou um descontrole financeiro.

A sra. usou verba pública para fins pessoais?

Nunca. Durmo com consciência tranquila. Pedi ajuda a minha mãe com minhas contas. Isso é crime?

Os indícios apontados pelo Ministério Público são, então, inverdades?

Sou muito temida pelos poderosos. Tenho a sensação de que sei demais, que sou um arquivo vivo. A partir do momento que comecei a dizer não às pessoas mais fortes e influentes do Estado, minha vida se tornou um martírio.

A sra. se sente responsável pelos problemas da cidade?

Não. Natal está no contexto do Brasil, que quando assumi tinha taxas de crescimento superiores a 8% e que vai crescer 1,9% neste ano.

Um país em que, para os metalúrgicos da região do ABC paulista, uma das maiores praças eleitorais do PT, não serem demitidos, retirou-se o IPI dos carros.

Quais são os seus planos para o ano que vem?

Saí da política. Volto a cuidar do que é meu, minha casa, minha vida como jornalista, minhas empresas. Quero escrever um livro sobre o início da cruz até o futuro.

Vai continuar no PV?

Não. Simplesmente decidiram me afastar da presidência [estadual] do partido. Essa dor do PV foi maior do que a dor da injustiça da Justiça.


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