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Policial delator de ação da PF temia morrer

Agente, que pode ter se suicidado, confessou ao Ministério Público que havia repassado dados sigilosos à quadrilha

Após o depoimento de Richard Fragnani de Moraes, morto em 2010, PF deflagrou a Operação Durkheim

MARCO ANTÔNIO MARTINS EM CAMPINAS (SP)

Em 3 de dezembro de 2010, o policial federal Richard Fragnani de Moraes, 40, contou a um amigo que, dessa vez, tinha "atingido gente grande demais" e iria depor no Ministério Público.

Na ocasião, o policial surpreendeu promotores ao revelar que ele, chefe da Inteligência da PF em Campinas, vazou informações de uma operação, em andamento, sobre uma quadrilha formada por agentes federais da Superintendência de São Paulo.

Fragnani deu detalhes e nomes. Na conversa, disse que tinha medo de morrer.

Cerca de 48 horas depois do depoimento, Moraes foi encontrado com um tiro na cabeça em um terreno abandonado em Campinas.

O depoimento do policial levou a PF a desencadear a Operação Durkheim (leia quadro ao lado), que prendeu suspeitos de integrar uma quadrilha que espionava políticos e empresários e vendia informações sigilosas.

A morte ainda é considerada suspeita. A Corregedoria da Polícia Civil considera suicídio. Já a PF ainda apura se ele realmente se matou. A família não fala sobre o caso.

Até o seu depoimento, o catarinense era considerado um policial ficha limpa. Militar do Exército, prestou concurso para a PF em 1998. Em 1999, passou no concurso para papiloscopista (perito especialista em impressões digitais). No ano seguinte, já chefiava um setor da PF em Campinas.

Durante uma década, coordenou operações em toda a região. Levou para a cadeia policiais civis e militares envolvidos com o crime organizado. Segundo policiais, essa atuação levou Fragnani a colecionar inimigos.

Ele evitava sair de casa nos fins de semana. Só levava a família para comer fora.

Para surpresa de policiais e promotores, o cenário mudou em julho de 2010.

Na ocasião, Fragnani se encontrou com o agente Julio César Alves da Cunha. Julio, lotado na Superintendência de São Paulo, perguntou ao colega como estava a investigação que ele fazia sobre fraudes em licitações praticadas por prefeituras do interior paulista e de Tocantins.

Fragnani contou. Em pelo menos mais dois encontros, segundo depoimento do próprio policial, uma das reuniões ocorreu em um prostíbulo no centro de São Paulo.

Foram passados detalhes que levaram Julio e outros dois agentes a exigir do prefeito de Indaiatuba (SP) R$ 2 milhões para que uma investigação contra a prefeitura não fosse levada à frente.

A tentativa de extorsão foi denunciada pelo prefeito ao Ministério Público. Os promotores, então, chamaram o responsável pela investigação para depor. Calmo, Fragnani confessou que vazou informações sobre a operação.

O policial passaria aquele fim de semana com os três filhos. Ele os deixou mais cedo com a mãe. O boletim de ocorrência registra que a morte do policial aconteceu duas horas e meia depois. Morreu com um disparo da própria arma.

Aos promotores ele havia feito a promessa de revelar quando "oportuno" outros nomes da quadrilha, caso fosse convocado judicialmente.

O advogado de Julio, preso na Durkheim, não foi encontrado para comentar.


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