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Ex-assessor do chefe da AGU pode ser exonerado

Denunciado por corrupção à Justiça terá que responder a processo disciplinar

Servidor é acusado de participar de esquema de tráfico de influência e venda de pareceres desarticulado pela PF

Paulo de Araújo - 19.out.2005/D.A. Press
José Weber Holanda foi afastado de seu cargo na cúpula da AGU após operação da PF
José Weber Holanda foi afastado de seu cargo na cúpula da AGU após operação da PF
ANDREZA MATAIS BRENO COSTA DE BRASÍLIA

Ex-braço direito do ministro Luís Inácio Adams na Advocacia-Geral da União, José Weber Holanda irá responder a processo disciplinar e pode ser exonerado do serviço público por causa de seu envolvimento com o esquema de tráfico de influência desarticulado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.

Uma comissão de sindicância da AGU que nos últimos 30 dias analisou a conduta de Weber e outros quatro servidores do órgão concluiu que todos eles terão que responder a processos disciplinares.

A comissão examinou documentos apreendidos pela Polícia Federal e deve concluir seu trabalho hoje, sob pressão da presidente Dilma Rousseff, que cobrou celeridade para evitar o desgaste que uma investigação prolongada criaria para o governo.

A operação Porto Seguro expôs a atuação de um grupo liderado pelo ex-diretor da Agência Nacional de Águas Paulo Vieira, que trabalhava para obter pareceres técnicos favoráveis a empresas cujos projetos dependiam do aval de várias agências federais.

Vieira, Weber, a ex-chefe do gabinete regional da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha e outras 21 pessoas foram denunciadas à Justiça pelo Ministério Público Federal, sob a acusação de praticar vários crimes apontados pela PF.

De acordo com as investigações, Weber ajudou Vieira a viabilizar um projeto bilionário de interesse do ex-senador Gilberto Miranda, que deseja construir com outros investidores um complexo portuário na Ilha de Bagres, ao lado do Porto de Santos.

A AGU informou que na sexta-feira divulgará um relatório completo sobre a sindicância e novos detalhes sobre a atuação do ex-braço direito de Adams, que está afastado de suas funções desde o fim de novembro, quando a PF deflagrou a Porto Seguro.

A polícia chegou a vasculhar o gabinete que Weber ocupava, uma sala contígua à de Adams, para apreender documentos e analisar o conteúdo do seu computador.

Além de Weber, a comissão de sindicância analisou os casos de servidores da AGU que atuavam em outros órgão: Jefferson Carlos Carús Guedes (Correios), Glauco Alves Cardoso Moreira (Antaq), Evandro Costa Gama (procurador da Fazenda) e Mauro Hauschild (ex-presidente do INSS).

Weber, Guedes e Moreira foram denunciados pelo Ministério Público Federal pelo crime de corrupção passiva.

A lei prevê prazo de 60 dias para conclusão de processos disciplinares como o que Weber enfrentará. O prazo pode ser prorrogado uma vez, por mais 60 dias. Se a comissão que conduzir o processo concluir que Weber deve ser exonerado, a decisão terá que ser tomada pelo ministro Adams.

A Folha apurou que os servidores cuja conduta foi examinada pela sindicância não devem ser afastados durante so processos disciplinares.

A lei que estabeleceu o regime jurídico dos servidores federais diz que em casos assim os funcionários sob suspeita podem ser afastados do exercício do cargo e continuar recebendo seus salários.

A tendência da comissão da AGU é sugerir que Weber e seus colegas continuem em seus cargos, porque não ocupam mais posições de chefia e por isso não teriam como prejudicar as investigações.

Se forem punidos após a conclusão dos processos disciplinares, eles poderão recorrer à Justiça contra a AGU.

O órgão ainda não concluiu a análise de 40 atos assinados por Weber no período em que trabalhou ao lado de Adams, e que foram separados para exame após a descoberta de sua ligação com o grupo liderado por Vieira.

Junto com o relatório da sindicância, a AGU deve divulgar a relação completa das audiências que Weber concedeu desde maio deste ano e apresentar sugestões de mudanças no funcionamento das agências reguladoras.


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