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Economia

Brasil e mundo despioram devagar no ano que vem

VINICIUS TORRES FREIRE COLUNISTA DA FOLHA

Nos próximos dias, o Congresso dos Estados Unidos pode condenar o país à recessão em 2013. Se mal sabemos o que vai ser da maior economia do mundo na semana que vem, que dirá do ano que vem inteiro.

A irresponsabilidade politiqueira nos EUA não deve chegar tão longe, mas no curto prazo, para o ano que vem, cortes de gastos públicos e aumentos de impostos, agendados por lei para vigorar em 2013, vão limitar o crescimento. A dúvida é a respeito do tamanho do tombo nesse "abismo fiscal".

Como o desemprego está alto, como as famílias ainda se desfazem de dívidas e o ânimo dos empresários não está lá essas coisas, dada a perspectiva de lucros decepcionantes, dos EUA não deve vir impulso para a retomada mundial.

Na melhor das hipóteses, a Europa do euro não cresce nada em 2013. A Europa tem algum impacto no crescimento daqui. Derruba ânimos, dado o seu crescimento baixo e risco de catástrofe, e porque importa menos dos nossos produtos.

A China deve crescer um bocadinho mais, mas de modo diferente, "em transição" de um modelo de exportação e superinvestimento para um padrão mais baseado em consumo doméstico, entre outras transições e problemas.

Isso importa para o Brasil porque exportamos muito para a China, que vai continuar a consumir muita comida brasileira, mas provavelmente menos do resto, em especial minérios e metais. A vizinhança chinesa revê sua expectativa de crescimento para baixo.

Ou seja, visto pelo binóculo míope e embaçado dos economistas, e ainda antes mesmo de começar, 2013 não parece muito animador, se considerado o ambiente externo.

Talvez o risco de catástrofes, como uma explosão europeia, seja agora menor, dados os remendos de 2012. O problema das catástrofes econômicas é que elas surgem de onde se menos espera.

O ambiente doméstico em tese pode melhorar. A taxa de juros básica está baixa, menos de 2% em termos reais. Mas pouco se sabe sobre o comportamento da economia brasileira sob juros em baixa recorde.

O câmbio está mais favorável para as empresas, muitas ainda beneficiadas por impostos menores, proteção comercial (barreira contra importados) e, talvez, por custos menores com energia elétrica.

Há capacidade ociosa razoável nas fábricas, e o nível de estoques (produtos encalhados) diminuiu. A renda dos brasileiros terá crescido uns 5% em 2012, e o desemprego é baixíssimo. Em tese, tudo isso favorece um crescimento maiorzinho em 2013.

Para ajudar, pode ser que o governo consiga investir um pouco mais, apesar da receita de impostos estar crescendo pouco. Além do mais, depois de dois anos de "estágio no emprego", o governo talvez tenha aprendido a investir. Algumas privatizações de obras de serviços públicos podem começar a andar (aeroportos, portos), dando mais um piparote no crescimento.

Porém, o crescimento depende também dos humores de quem investe e consome. Há empresário de orelha em pé por causa das intervenções do governo no mercado; ainda há medo de rolos nos EUA ("abismo fiscal"), Europa e China.

De resto, o desempenho brasileiro foi muito frustrante no biênio 2011-2012. Muita gente está esperando para ver, numa atitude do tipo "vai indo que por enquanto eu não vou", o que pode outra vez retardar a retomada.

Há incertezas "macro". Por exemplo, o que acontece quando uma economia com desemprego baixo, salários relativamente altos e no entanto quase estagnada volta a crescer? Custos de mão-de-obra ainda maiores? Isto é, mais inflação?

Ou a economia tem máquinas e trabalhadores de sobra, que podem ser utilizados de modo mais intenso?

Enfim, parece que 2013 será melhor. Por ora, parece um melhor medíocre. Que sempre é melhor que um medíocre piorado, como 2012.


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