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Assentamento no interior de SP teme 'novo Pinheirinho'

Terreno situado nas cidades de Americana e Cosmópolis é disputado por MST, usina e família dona da área até 1970

Justiça ordenou despejo; agricultores receiam ação da PM semelhante à que ocorreu em área de São José dos Campos

DANIEL CARVALHO ENVIADO ESPECIAL A AMERICANA MARÍLIA ROCHA DE CAMPINAS

Famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) que vivem há sete anos no assentamento Milton Santos, em Americana e Cosmópolis (SP), serão despejadas a qualquer momento, segundo decisão da Justiça Federal.

Os lavradores temem que a área seja invadida pela Polícia Militar e que haja uma reintegração de posse violenta, semelhante à ocorrida há um ano no Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).

A maioria das casas é de tijolos. Nos lotes, há hortas, criações de animais e algumas famílias contam com antena de TV por assinatura.

Os lotes, que somam cem hectares, têm plantações como milho, mandioca, abóbora e banana. Pelas regras do MST, não se usa agrotóxico.

Os agricultores produzem para consumo próprio, mas também vendem para prefeituras que usam os alimentos na merenda escolar. A ameaça de despejo obrigou muitos a desistir do comércio.

Rosângela Borges, 39, teme não conseguir cumprir um novo contrato. Por isso, desde setembro, deixou de vender R$ 1.000 mensais de mandioca e verduras. "Você se estabiliza e aí vem um tranco desses", afirma.

Vanessa Facchini, 29, diz não conseguir dormir direito. Ela não quer ser surpreendida pela polícia. O marido pede à Folha para não ser fotografado, pois afirma que, se for preciso, vai resistir à reintegração de posse.

O Incra, órgão responsável pela reforma agrária, diz ter seguido os trâmites legais para transformar a área em assentamento em 2005.

Mas tanto a família dona do terreno até a década de 1970 -quando a área foi tomada para pagar dívidas com a União- como a Usina Ester, que ocupava o local antes dos agricultores, brigam na Justiça pela posse.

Em decisão referente à ação da usina, foi determinada a desocupação do imóvel. Mas ainda não há prazo definido para que isso ocorra.

O MST defende que haja um decreto de desapropriação por interesse social. Por essa área, já fez marcha na avenida Paulista em frente ao escritório da Presidência e conta com o apoio de parlamentares em intermediação com o Palácio do Planalto.

O problema é que, segundo o Incra e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), apesar de a família Abdalla também ter decisão favorável para retomar a área, essa ação não foi concluída, e o terreno continua registrado como sendo do instituto.

Nenhum representante da usina quis se manifestar. A defesa da família Abdalla não foi localizada.


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