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Análise

PMDB virou coalizão de forças regionais com sede por cargos

VALERIANO COSTA ESPECIAL PARA A FOLHA

A pergunta que mobiliza a opinião pública toda vez que o PMDB se movimenta no tabuleiro da política nacional é sempre a mesma.

Por que um partido tão fragmentado -uma verdadeira federação de grupos políticos regionais- alcança tanta projeção no Congresso?

A questão se desdobra em época de eleição presidencial numa segunda manifestação de perplexidade: por que um partido grande não é capaz (ou não tem interesse?) de apresentar candidatura competitiva para disputar o mandato político mais importante?

A origem do enigma está em parte na reforma eleitoral de 1979, que estimulou a criação dos principais partidos atuais (com exceção do PSDB).

O MDB, que era o grande partido-movimento da transição democrática, foi afetado de forma decisiva, primeiro pela criação de partidos de massa como o PT e o PDT e, depois, pela "Arenização" da própria legenda, resultado do fracasso da criação do Partido Popular de Tancredo Neves, que atraíra segmentos saídos da Arena e que migraram para o recém-criado PMDB.

A "coup de grâce" (golpe de misericórdia) foi a saída do grupo liderado por Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso e Mario Covas, remanescente do MDB histórico, que perdeu a disputa interna para o grupo liderado por Orestes Quércia em 1988.

A partir de então, o grande partido da transição democrática se transformou na grande e informe coalizão de forças regionais incapaz de enfrentar a competição pela Presidência.

O retumbante fracasso das eleições de 1989 e de 1994, com Ulysses Guimarães e Quércia, respectivamente, foram duras lições para o PMDB.

Finalmente, a atual estrutura do PMDB, caracterizada pela literatura de partidos como uma coalizão dominante dividida e estável, não tem como interesse estratégico a Presidência. Implicaria fortalecer uma das oligarquias regionais em detrimento das demais, rompendo o equilíbrio delicado que Michel Temer construiu (consolidado com a morte de Quércia).

Esse paradoxal "desapego" ao cargo máximo de poder explica a grande sede de conquista e manutenção de cargos secundários, como a Vice-Presidência e cargos diretivos no Congresso.

O PMDB continuará sendo, desde que permaneçam as condições organizacionais atuais, o parasita dos projetos políticos dos outros grandes partidos que têm monopolizado o poder desde meados dos anos 1990.


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