Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ribeirão

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Moradores de rua custam R$ 1,6 mi ao ano

Valor gasto pela Prefeitura de Ribeirão é para devolver andarilhos às cidades de origem e atender moradores de rua

Especialista da USP critica solução porque pode incentivar outras prefeituras a fazer o mesmo com andarilhos

DANIELA SANTOS DE RIBEIRÃO PRETO

A Prefeitura de Ribeirão Preto gasta por ano R$ 1,6 milhão para ressocializar moradores de rua e devolver andarilhos às suas cidades de origem. A cidade tem cerca de 500 moradores de rua e encaminha 300 andarilhos por mês para suas cidades natal, segundo dados do governo.

Para o especialista em saúde pública da USP, Walter Varanda, a devolução de andarilhos para seus locais de origem é uma política ruim porque incentiva outras cidades a fazer o mesmo. "Isso gera mais população de rua entre as cidades", disse.

Só nos seis primeiros meses de 2013, 1.803 andarilhos foram devolvidos para suas cidades, algumas distantes, o que representa um gasto médio mensal de R$ 15 mil.

Andarilhos de Franca, Uberlândia (MG) e São José do Rio Preto são os que mais se deslocam para Ribeirão e recebem passagens para voltar para casa, de acordo com a prefeitura.

Segundo Varanda, a criação de centros especializados e alternativas de geração de renda para as pessoas menos qualificadas ajudariam a solucionar parte do problema.

'NÃO SOU O LIXO'

Para deixar as drogas, o engenheiro mecânico e ex-morador de rua Arnaldo Fachin Júnior, 47, procurou o Creas-Pop (Centro de Referência Especializado em Assistência Social) de Ribeirão. O centro foi criado em dezembro do ano passado para atender pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Ele passou a ser acompanhado, registrou algumas recaídas, mas segundo ele, a vontade de se reerguer o ajudou. "Quis provar para mim mesmo que não sou aquele lixo que as pessoas veem nas ruas", disse Júnior.

Por causa da cocaína, o primeiro casamento dele chegou ao fim e o segundo relacionamento quase terminou. "Eu não tomava banho, olhava carro e pedia dinheiro para comprar drogas, me arruinei", afirmou.

Com o tratamento, ele se reaproximou dos dois filhos e da mulher. Está passando por entrevistas de emprego e espera a recolocação no mercado de trabalho.

O Creas-Pop de Ribeirão recebe uma verba mensal de R$ 57 mil, sendo R$ 23 mil de convênios com os governos estadual e federal, e R$ 34 mil do governo municipal.

Todo os dias, cerca de 70 moradores de rua passam pelo local e, por mês, ao menos três superam o vício e deixam as ruas após meses de trabalho, segundo a coordenadora do Creas-Pop, Renata Cristina Correa da Silva.

Já a Cetrem (Central de Triagem e Encaminhamento ao Migrante) conta com uma verba de R$ 79 mil, sendo R$ 42 mil do município.

Ao menos 92% dos moradores de rua são homens com idades entre 18 e 59 anos e com ensino fundamental. Uma grande parte é usuária de drogas, ingere álcool com frequência e já sofreu alguma desilusão amorosa envolvendo casos de traição.

"Esse perfil nunca mudou", disse Walter Varanda. "Temos uma parcela da população mais vulnerável, que não tem escolaridade, não teve educação nem uma família com um suporte emocional para poder ajudá-la no seu desenvolvimento."

Renata confirma a informação do especialista. "Tem famílias despreparadas para lidar com certas situações", afirmou. "Algumas mães chegam aqui em carrões e deixam os filhos dizendo que não sabem mais o que fazer", completou a coordenadora.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página