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Ribeirão

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Balé, sonho de infância

Ribeirão registra alta de até 20% na procura de cursos de balé por mulheres entre 20 e 50 anos; atividade reprimida na infância e busca pelo bom corpo

DANIELA SANTOS DE RIBEIRÃO PRETO

Há um mês, a advogada Fabíola Rocha, 27, arrumou um tempo em meio aos processos judiciais do escritório onde trabalha, em Ribeirão Preto, para realizar um sonho de infância: aulas de balé.

As demais amigas de sala, assim como ela, iniciaram o curso este ano: queriam subir na ponta dos pés, saltar, pular e girar como uma bailarina que flutua com leveza na troca de passos.

A procura por aulas de balé clássico por pessoas com idades entre 20 e 50 anos aumentou cerca de 20% na cidade nos últimos cinco anos, segundo quatro escolas ouvidas pela Folha.

Na capital, o crescimento foi de 40%, de acordo com o Sinddança (Sindicato dos Profissionais da Dança) do Estado de São Paulo.

Para muitas mulheres, é a vida adulta que proporciona a realização do sonho reprimido na infância. Atuando no mercado de trabalho e com estabilidade financeira, agora elas querem e podem satisfazer suas vontades. Além do prazer de bailar, buscam uma postura correta, elegância nos passos e um corpo definido.

BENEFÍCIOS À SAÚDE

A diretora do Sinddança e maître em balé, Camilla Puppa, 51, atrela o interesse pelo balé aos benefícios que a dança proporciona. Segundo ela, muitas pessoas querem praticar uma atividade física, mas, por não gostarem de academia, desistem.

O balé, segundo ela, ajuda a pessoa com a respiração, com os problemas circulatórios e ortopédicos, além de melhorar a postura. "É uma dança leve, que não machuca o corpo."

Mesmo com tantos benefícios, ela diz que o preconceito de achar que a dança clássica é indicada apenas para crianças ainda está presente na sociedade.

A contadora Célia Regina Coscrato Costa, 36, nunca havia praticado qualquer tipo de dança, mas sentiu a necessidade de se movimentar. Frequentou por inúmeras vezes academias, mas não se identificava com as aulas.

Quando criança, não ia para o balé, como algumas amigas. Hoje diz, com orgulho: "Agora, vou para o balé."

"A nossa vida já é corrida", diz Célia Regina. "Se não encontrarmos algo que nos dê prazer e nos ajude fisicamente, vamos continuar estressadas entre o trabalho agitado e a vida em casa."

LIMITES DO CORPO

A também contadora Daniele Malagrana, 33, não perde as aulas de balé --nem grávida de seis meses. Ela conta que, no começo da gravidez, ia para as aulas com a barriga dura e saía com ela "molinha". "O balé é a minha terapia. Saio bem mais relaxada."

A professora Ana Luíza Yosetake, 19, diz que o fundamental no balé quando a dançarina ou dançarino são adultos é o respeito com os limites impostos pelo corpo.

Para ela, a maior dificuldade de um adulto com essa dança é a coordenação motora de levantar o braço direito junto com a perna esquerda. "Diferente das crianças, os adultos já têm dezenas de anos de hábitos corporais."

O valor das aulas de balé para adultos depende da quantidade de dias que a pessoa quer praticar e do nível que ela procura, mas varia de R$ 80 a R$ 400, de acordo com pesquisas em escolas de Ribeirão Preto.

A USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão conta com um projeto de dança gratuito para a população. Nele também consta balé para adultos, com elevada procura de praticantes.


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