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Grupos reconstroem a história da região
Em sete cidades, redes sociais são utilizadas para recontar o passado por meio de 6.700 imagens e documentos
Eventos sociais, festas, jogos e até boletins escolares desencadeiam discussões e a busca por mais papéis históricos
A história de cidades da região de Ribeirão Preto está sendo reconstruída por meio de grupos criados em redes sociais por iniciativa dos próprios moradores.
Em ao menos sete municípios --Ribeirão Preto, Batatais, Brodowski, Sertãozinho, Jardinópolis, Altinópolis e Cajuru-- já são mais de 6.700 fotos digitalizadas e compartilhadas entre os internautas.
A maioria das publicações é composta por fotos e documentos de arquivos pessoais, como festas, jogos e boletins escolares. Uma publicação desencadeia discussões e a consequente busca por mais documentação histórica.
Primeiro grupo criado, o Acervo Digital de Batatais -- Eternizando Nossa História tem 5.300 membros, com 3.000 publicações. "Fotos que temos em casa podem trazer informações desconhecidas", disse o professor Erivelton Manetti, 56, um dos administradores do grupo.
O maior acervo dessas cidades em redes sociais, no entanto, é o de Brodowski, com 2.613 membros e 3.148 documentos compartilhados.
"Ninguém no passado imaginava que fotos se tornariam relíquia nos tempos atuais", disse o policial Gilberto Reis, 37, idealizador de uma das três páginas que tentam resgatar a memória de Ribeirão. Juntas, têm 3.130 membros.
Da cidade é possível ver fotos da avenida Jerônimo Gonçalves sem as palmeiras-imperiais, da casa de pôquer que deu lugar à choperia Pinguim e do Teatro Carlos Gomes, demolido em 1946.
A foto do então Cine São Jorge, que ficava na rua Álvares Cabral, trouxe memórias de quem o frequentou, como a exigência de terno e gravata para os homens, considerada "frescura" por alguns.
Em Batatais, imagem antiga do trecho em frente à praça Cônego Joaquim Alves fez internautas identificarem que se trata do mesmo quarteirão onde foi construído o antigo Cine Madalena --local abriga hoje repartições municipais.
MUNDO REAL
Essa busca por informações do século passado está criando um novo movimento: passeios para encontrar os locais das publicações, como uma igreja abandonada na área rural de Altinópolis.
Já integrantes do grupo Lembranças Ribeirão-pretanas farão encontro do grupo no dia 20, na Recreativa.
A digitalização dos documentos também está causando surpresa, como relatou Vera Maria Saadi Gonçalves.
Ela disse ter se emocionado ao ver a publicação de um projeto de lei de 1936 da Prefeitura de Brodowski escrito pelo pai dela, o ex-prefeito Abrahão Saadi (1911-72).
"[As iniciativas] São classificadas como patrimônio imaterial, e são as mais relevantes porque preservam valores da coletividade", disse Cláudio Bauso, conselheiro do Conppac (conselho do patrimônio) de Ribeirão.