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Unidos oela literatura

Ex-padre, Hilário Cristofolini e sua mulher são cadeirantes, mas superam o fato de não andar escrevendo livros e mais livros

IZILDA REIS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE JABOTICABAL

Casados há 27 anos, Hilário Cristofolini e Rosane Audi enfrentaram grandes desafios na vida. Maior empecilho: ambos não andam. Maior dúvida: ele foi padre e abandonou a batina porque se apaixonou. Mas hoje impressionam pela vitalidade e pela alegria de viver. É porque escrevem. Muito.

Cristofolini, 77, tem 24 livros publicados e dois prontos. Rosane, 58, psicóloga aposentada, o ajuda nas pesquisas.

Ele se dedica a publicar autobiografias, livros de autoajuda e biografia de religiosos, candidatos à beatificação.

Desde 1976, seis anos depois do acidente de carro que o deixou paraplégico, publicou duas dúzias de livros e tem mais dois prontos na escrivaninha onde trabalha em sua casa, em Borborema, interior de São Paulo.

Entre os autobiográficos estão "Loteria da Felicidade: Eu fiz 13 pontos", "Deus Mora na Contramão", sobre o seu drama, que ficou na lista dos mais vendidos nos anos 80, e "Cartão Amarelo".

Entre as biografias de religiosos se destacam "Madre Esperança: A Mulher do Amor Misericordioso" e "Santa Gianna Beretta: A Padroeira da Família".

No momento, Cristofolini espera a liberação da família de Isabel Cristina Campos para lançar seu novo livro: "Crismártir: Rosa Preciosa de Barbacena", que conta a vida da jovem Isabel, morta vítima de um ataque sexual em Juiz de Fora (MG), em 1982, e que está em processo de beatificação no Vaticano.

Cristofolini pesquisa a história há anos. "É uma das que mais me tocou. Isabel Cristina morreu lutando para preservar a honra, valores morais e religiosos nos quais acreditava. Será um importante livro para a juventude."

TRABALHO E PAIXÃO

Cristofolini passou a infância correndo pelos campos do sítio da família em Rio do Sul (SC). Aos 12 anos foi para o seminário. Viveu sete anos na Itália e conheceu França, Espanha, Portugal e Inglaterra.

Foi ordenado padre, mas trabalhou muito pouco em paróquia. Então veio o acidente, aos 33 anos.

Já Rosane convivia com a poliomielite desde os oito meses. Fez 23 cirurgias ortopédicas na luta para andar.

Em 1981, proclamado o Ano Internacional das Pessoas Deficientes pelas Nações Unidas, padre Hilário foi chamado a dar testemunho e celebrar uma missa para deficientes no Rio de Janeiro.

Lá, entrevistado pela TV, chamou a atenção para a necessidade de planos de ação para a inclusão dos portadores de deficiência.

Rosane viu a entrevista. Passou a frequentar o movimento pelos Direitos das Pessoas Deficientes, em São Paulo, onde Hilário atuava.

"Procurei por padre Hilário e pedi para ele me dar uma oportunidade de trabalho." Apaixonaram-se. Em 1987, com a dispensa do sacerdócio, se casaram.

Sem filhos, moram num apartamento na cidade onde reside a família de Rosane. "A casa é de quem chegar. Aqui já estiveram superiores vaticanistas, padres, freiras, bispos", disse Rosane.

E, falando em bispos, Cristofolini diz: "Que honra ter dom Paulo Evaristo Arns empurrando minha cadeira de rodas e dizendo, com humor: Comigo, Hilário vai mais rápido e com segurança'."


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