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Diretor vira porteiro em escola de Ribeirão
Medida é alternativa ao fim de contrato com empresa que prestava serviço; sem professor, alunos são dispensados
Prefeitura diz que não contratará empresa para serviço de portaria e que vai investigar a dispensa de estudantes
Sem a prorrogação do contrato do serviço de porteiros nas escolas da rede municipal de Ribeirão Preto, até o diretor de uma escola passou a assumir a função.
Além de lidar com a falta dos porteiros, as unidades escolares têm de se adaptar também à falta de professores, o que tem feito com que as escolas ofereçam mais aulas de uma mesma disciplina ou até dispensem os alunos.
A prefeitura informou que vai apurar a dispensa de alunos e que não irá contratar outra empresa. Informou ainda que a segurança não é atribuição de porteiros (leia texto nesta página).
Ontem à tarde, o diretor Antônio Carlos Canuto, da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) João Gilberto Sampaio, na Vila Mariana, assumiu os portões, ao lado de uma professora, para controlar a saída de crianças e adolescentes.
"Fico aqui até o último aluno ir embora." A medida é alternativa ao fim do contrato com a Arcolimp Serviços Gerais Ltda., que mantinha porteiros em 108 escolas.
Segundo a prefeitura, a intenção é conter recursos e pagar professores recém-contratados --a economia, alega a administração, será de cerca de R$ 5,8 milhões. Canuto disse que na sua escola faltam três professores.
"Eles já foram convocados [pela Secretaria da Educação], mas têm até 30 dias para assumir. Isso está prejudicando as escolas", afirmou.
Os professores efetivos foram chamados no fim de janeiro após determinação da Vara da Infância e Juventude.
Para evitar que os alunos saiam mais cedo por causa da falta de professores, uma das alternativas foi oferecer mais aulas de educação física, segundo o diretor.
Essa situação não se repete em outras unidades escolares, que têm dispensado alunos antes do horário normal por falta de docentes, segundo a Aproferp (Associação dos Profissionais da Educação de Ribeirão Preto) e o Sindicato dos Servidores.
Parte desses estudantes fica aguardando seus pais ou responsáveis nas ruas, sem o acompanhamento do porteiro, que auxiliava na segurança. O presidente do sindicato, Wagner Rodrigues, afirmou que a situação é reflexo da "falta de gestão".
"Falta inspetor de alunos em algumas escolas e precisa ter alguém na porta por segurança", disse.
Vice-presidente do Conselho Municipal da Educação de Ribeirão Preto, José Eugênio Kaça afirmou que a entidade irá apurar a falta de segurança nas escolas da rede municipal da cidade.