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Ribeirão

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De porteira aberta

Com 1.600 habitantes, Trabiju é a única cidade da região a não ter nenhum homicídio em 2013; com 8 furtos, moradores vivem sem medo da insegurança que marca outros municípios

ISABELA PALHARES ENVIADA ESPECIAL A TRABIJU

Dormir com o portão de casa destrancado ou deixar o carro aberto durante a noite são situações que parecem impossíveis para quem mora em São Paulo. O Estado registrou, no ano passado, média diária de 704 roubos.

Mas, para os moradores de Trabiju, na região de Ribeirão Preto, deixar casas e carros abertos faz parte da rotina do município de 1.600 habitantes. Em oito anos, registrou apenas um furto de veículo.

E, há pelo menos 12 anos, desde que a Secretaria de Estado da Segurança Pública passou a divulgar os dados por município, Trabiju não registrou nenhum homicídio.

"Quando alguém ou um carro estranho chega à cidade todo mundo fica sabendo. A troca de informações é muito rápida e eficiente aqui", disse o delegado titular de Trabiju, Ricardo Farah.

A cidade é a única da região de Ribeirão a não ter registrado nenhum assassinato. Outras três tiveram apenas um homicídio nos últimos 12 anos: Taquaral, Embaúba e Cândido Rodrigues.

O ano passado, porém, foi atípico para os moradores: Trabiju teve um aumento de 60% nos casos de furto: oito, ante os cinco do ano anterior.

"Os [crimes] ocorrem, em geral, na área rural, com furtos de leitoa, galinhas ou utensílios domésticos."

A funcionária pública Maria Aparecida Colim, 59, voltou para Trabiju, sua cidade natal, após 23 anos fora. Morou em Araraquara, São Paulo e Porto Alegre e disse que rapidamente se acostumou à tranquilidade de Trabiju.

"Ando sozinha à noite, saio e deixo tudo aberto. Aqui, segurança não é preocupação."

Já a dona de casa Maria de Lourdes Ferreira, 77, mora há 37 anos na cidade e disse que violência para ela é só pela TV. "A gente vê as notícias e mal acredita no que acontece em outras cidades. Só rezo para que esses casos nunca cheguem aqui", disse.

Trabiju é a menor cidade da região de Ribeirão. Antes de se tornar município, era distrito de Boa Esperança do Sul e, em 1996, se emancipou.

O município nasceu às margens da linha férrea Douradense. Com vocação agrícola, influenciada pela produção cafeeira, enfrentou uma grave crise nos anos 70 com a desativação dos trilhos.

"A gente brinca que, por 20 anos, foi uma cidade-fantasma. Todo mundo foi embora", disse Maria Aparecida.

Com a emancipação e Orçamento próprio, recebeu investimentos de Estado e União e pode melhorar a infraestrutura --pavimentação e transporte, por exemplo.

SURPRESA

No feriado de Sete de Setembro de 2013, os moradores de Trabiju foram surpreendidos com uma ação que nunca esperariam ver: uma quadrilha explodiu três caixas eletrônicos simultaneamente na cidade.

"Os bandidos optam por cidades pequenas, com pouco policiamento", disse Farah.

Para o delegado, o caso é excepcional e não interrompeu o sossego da cidade. Os moradores parecem concordar, pois não se importaram em ficar sem os caixas, que não foram repostos para evitar novos ataques.

Desde a ocorrência, as transações bancárias são feitas apenas nas agências e em caixas eletrônicos de Boa Esperança do Sul, a sete quilômetros de distância.


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