Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Ribeirão usa R$ 80 mi do cheque especial, diz Fazenda
Valor refere-se à diferença entre os gastos e a arrecadação da prefeitura
Termo foi usado pelo secretário da Fazenda, Sérgio Nalini, durante audiência pública financeira na Câmara
A Prefeitura de Ribeirão Preto opera com as contas no vermelho em, ao menos, R$ 80 milhões. O valor é a diferença entre os gastos e a arrecadação do município.
Ontem, durante audiência pública na Câmara, o secretário da Fazenda, Sérgio Nalini, afirmou que a prefeitura tem usado R$ 80 milhões do "limite do cheque especial".
O deficit leva em consideração não apenas as contas da prefeitura e das secretarias, mas também de autarquias e fundações da administração municipal.
"A gente vem transitando nesse valor, por volta dos R$ 80 milhões", disse Nalini, durante a audiência para a divulgação das contas da prefeitura do ano passado.
"É o chamado cheque especial, o limite do [cheque] especial", disse. "[A prefeitura] Tem usado alternadamente, por conta da alta pressão das despesas. [Mas] Não temos nenhum problema de arrecadação."
O secretário foi questionado por um assessor do vereador Beto Cangussu (PT) sobre quanto dinheiro a prefeitura precisa para pagar todos os fornecedores e pôr as contas em dia. Nalini não informou desde quando a prefeitura possui esse deficit financeiro.
De acordo com o secretário, a prefeitura fechou 2013 com um deficit de R$ 64 milhões no orçamento. As despesas contratadas com fornecedores, mas ainda não pagas, somaram R$ 132 milhões.
RECEITA
Segundo Nalini, Ribeirão tem registrado um bom nível de arrecadação. A receita do município cresceu de R$ 1,6 bilhão, em 2012, para R$ 2 bilhões, no ano passado.
Apesar disso, a prefeitura vem atravessando uma crise financeira, com o aumento nos gastos com pagamentos de funcionários e dificuldade para pagar fornecedores.
Os investimentos feitos com o caixa da prefeitura caíram 4,3% no período.
Em fevereiro, funcionários de uma empresa de raios X que presta serviços em postos de saúde, entraram em greve após dois meses sem salário. A prefeitura não pagava a empresa a 90 dias.
Nalini não informou, ontem, qual o atraso atual no pagamento de fornecedores.
Desde abril do ano passado, a prefeitura ultrapassou o chamado limite prudencial de gastos com pessoal estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 51,3% da receita.
Hoje, Ribeirão gasta 52,77% do que arrecada com a folha de pagamento. Só a prefeitura gasta R$ 852 milhões com pagamento de servidores.
Em nota enviada após a audiência na Câmara, a prefeitura afirmou que o aumento nas despesas ocorreu pela maior oferta nos serviços de educação e saúde.
A prefeitura afirmou ainda que reduziu em 5,42% os gastos com funcionários comissionados (sem concurso público). A meta era de 20%.