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Preço do café poderá subir para os consumidores
DE RIBEIRÃO PRETOA falta de chuvas e as altas temperaturas deste início de ano castigaram a maioria das lavouras de café do país, e o reflexo já é sentido nos preços praticados no campo.
A saca de 60 kg paga ao produtor, que custava de R$ 220 a R$ 250 no final de dezembro, hoje é comercializada de R$ 380 a R$ 400.
O clima quente e seco prejudica o desenvolvimento das plantas. Segundo Niwton Castro Moraes, assistente da Secretaria da Agricultura de Minas Gerais, Estado responsável pela metade da produção nacional, sol forte e falta de chuvas fazem com que os grãos não encham.
O presidente da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Nathan Herszkowicz, disse que o aumento deve ser sentido pelo consumidor já no próximo mês.
Ele afirmou que as indústrias não conseguirão segurar o reajuste, que deve ficar em torno de 35% na venda final. O quilo do produto deve passar de R$ 13 e R$ 14 (na média) para R$ 17 e R$ 18.
"Estamos pagando valores mais altos desde janeiro. A indústria não tem condição de represar esse aumento para o consumidor."
Presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), o deputado federal Silas Brasileiro (PMDB) disse que o reajuste poderia ser segurado por mais tempo. "Há muito café em estoque", afirmou.
De acordo com ele, o Brasil não deve produzir as 50 milhões de sacas estimadas para esta safra. Com o efeito do clima desfavorável, a produção deve ser de aproximadamente 45 milhões.
Só em Minas, que deveria produzir nesta safra cerca de 26 milhões de sacas, as perdas podem ficar em torno de 15%. Além do clima quente e seco, o Estado enfrenta ainda outra dificuldade nas lavouras: o ressurgimento da praga Hypothenemus hampei.
Anteontem, o Ministério da Agricultura decretou estado de emergência na produção de café, que deve vigorar por um ano, período em que devem ser adotadas medidas emergenciais para controle da infestação.