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Municípios investem até o dobro em saúde, mas crises persistem
Mortes de pacientes na rede municipal são apuradas em Ribeirão Preto, Franca e Araraquara
Constituição exige que investimento mínimo seja de 15% da receita; Araraquara vai aplicar acima do dobro em 2014
Os quatro maiores municípios da região --Ribeirão Preto, Franca, São Carlos e Araraquara-- aplicam mais do que os 15% exigidos pela Constituição na saúde.
Ainda assim, os gastos não são suficientes para resolverem os problemas no setor e diminuírem as reclamações dos usuários, principalmente na urgência e emergência.
Em todas essas cidades, há investigações em andamento nos respectivos Ministérios Públicos e em comissões especiais de estudo e de inquérito nas Câmaras.
Em Franca e Araraquara, os recursos previstos para a saúde neste ano chegam a ser o dobro, de 30% (R$ 189,2 milhões) e 33,24% (R$ 189,8 milhões) dos orçamentos municipais, respectivamente.
Já em São Carlos, os desembolsos para o setor devem chegar a 25,29% (cerca de R$ 188 milhões), enquanto em Ribeirão Preto devem alcançar 20,63% (R$ 459,3 milhões) do orçamento para 2014.
Para o sociólogo Fábio Pacano, a falta de investimentos ao longo dos anos e a burocracia na aplicação dos recursos, com consequente demora dos resultados, são os maiores problemas.
"Além disso, não adianta destinar um orçamento considerável à saúde e a gestão do recurso ser ruim", disse.
CRISE
Em Ribeirão, o inquérito mais recente aberto pela Promotoria foi para apurar a morte da jovem Gabriela Zafra, 16, que morreu após passar por cinco atendimentos em três unidades de saúde, no dia 16 de maio, sem receber o diagnóstico correto.
Sindicâncias internas foram abertas na Secretaria da Saúde e no Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo). Uma CEE (Comissão Especial de Estudos) na Câmara foi aberta no início do mês, para discutir a situação da saúde.
Em Franca, o prefeito Alexandre Ferreira (PSDB) decretou situação de emergência na saúde. Quatro mortes suspeitas são apuradas pelo Cremesp neste ano.
Em São Carlos, a dificuldade é de gestão. Seis secretários já chefiaram a pasta da saúde desde janeiro de 2013. No ano passado, uma médica denunciou a falta de medicamentos e foi afastada do trabalho.
Em Araraquara, o Ministério Público apura a morte de um professor, que não teria sido diagnosticado com pneumonia na UPA.