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Ribeirão

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Indústria de sapatos perde 506 vagas em dois meses

Cenário é o mais crítico dos últimos 7 anos no polo calçadista de Franca

Para o setor, situação econômica do país, com alta de juros e inflação, gerou a crise no área industrial da cidade

CAMILA TURTELLI DE RIBEIRÃO PRETO

O fechamento de postos de trabalho nos dois últimos meses na indústria calçadista de Franca revela a pior crise dos últimos sete anos na cidade, polo na produção de sapatos masculinos.

As fábricas locais acumularam em maio e junho o fechamento de 506 empregos com carteira assinada. O resultado é o pior desde 2007, ainda antes da eclosão da crise na economia global, desencadeada no ano seguinte.

Alta da inflação, taxas de juros elevadas e menos dias de comércio aberto por causa dos jogos da seleção brasileira na Copa são apontados como causas da crise.

De acordo com o sindicato dos sapateiros, o número de rescisões diárias subiu de 15 para 30 nos meses de junho e julho. Segundo Aguinaldo Cunha, diretor do sindicato, férias coletivas foram concedidas pelas fábricas entre janeiro e julho --algo que só acontece no final do ano.

Os empresários anteciparam as férias para reduzir os custos de produção e, assim, evitar número maior de demissões. Algumas empresas, segundo Cunha, já pensam até em fechar as portas por acumularem prejuízos.

Para o Sindifranca (sindicato das indústrias), a crise é uma das piores da história.

"Mesmo em 2008, quando a crise econômica mundial estourou, o resultado não foi tão ruim. Naquela época, o saldo foi positivo em 402 empregos", disse o presidente do Sindifranca, José Carlos Brigagão do Couto.

Para ele, o principal motivo da crise é o excesso de tributos. "A concorrência asiática não é o maior problema. O problema está aqui."

O apontado excesso de tarifas e também a burocracia acabam encarecendo os produtos nacionais e deixando os sapatos francanos mais caros que os importados, o que prejudica as vendas.

O economista da Uni-Facef (Centro Universitário de Franca) Hélio Braga Filho afirmou que há uma retração na indústria no geral, reflexo da economia do país. "Havia expectativa de melhora com a Francal [feira realizada em julho], mas não houve recuperação", disse.

LONGO PRAZO

Para Braga Filho, não há saída clara para o empresariado a curto prazo e o mercado só deve voltar a se recuperar em 2016.

"Já para o longo prazo, o empresariado do setor calçadista deve diversificar o produto, a qualidade e o mercado para o qual ele vende."

Segundo a regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Franca, o setor calçadista da região reduziu em um terço o total de empregos em um período de nove anos. "A crise já vem se desenhando há algum tempo", disse o vice-diretor do Ciesp de Franca, Carlos José Martins Tavares.

Para ele, além de o setor ter sofrido com falta de investimento --com baixa compra de maquinário-- nos últimos anos, há também o reflexo nacional. "Nos últimos 12 meses, a indústria, em todo o Estado, reduziu 96.500 postos de trabalho", disse.


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