Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Regras em cena
Teatros de Ribeirão Preto vetam em espetáculos balões, bolhas de sabão, papel picado, missas e cultos religiosos
Balões, bolhas de sabão e papel picado, além de cultos, missas e qualquer outro evento litúrgico religioso, estão oficialmente vetados dos palcos dos teatros Municipal e de Arena em Ribeirão Preto.
As proibições fazem parte de um conjunto de normas para uso e ocupação dos espaços que foi publicado na última semana e que passam a valer em 1º de outubro.
A nova publicação atualiza e amplia um decreto da Secretaria da Cultura de 2011.
"Atualizamos questões, adequamos regras e incluímos a necessidade da apresentação de projeto para os grupos artísticos que querem ocupar o espaço", disse o diretor dos teatros, Pedro Leão.
As proibições em relação ao uso de balões e papel picado, segundo Leão, são normas de segurança anti-incêndio, baseada em recomendações do Corpo de Bombeiros.
"Isso é comum nos teatros, principalmente depois do acidente de Santa Maria [RS], em 2013", afirmou a atriz e produtora da Cia. Teatro de Riscos, Thayse Guedes.
Segundo ela, esse tipo de restrição já vinha sendo adotado pelo Municipal mesmo sem estar formalizado.
No final de 2013, a companhia de Thayse apresentou a peça infantil "Quem Nunca Viu o Mar?" no local.
A cena final trazia os atores atirando uma chuva de papel picado contra oito ventiladores ligados. "Por recomendação da casa, tivemos de adaptar", afirmou Thayse. "Tiramos o papel e fizemos o efeito com jogo de luz."
O papel picado pode chegar até os refletores, pegar fogo e iniciar um incêndio.
"Isso é uma discussão nacional", disse a produtora e atriz da Cia. Boccaccione Gabriela Vansan. "Depois do caso da boate em Santa Maria, vários teatros estipularam regras de uso segundo normas dos bombeiros."
A nova norma proíbe também a utilização de qualquer artefato de fogo nos palcos.
"Dificulta um pouco, porque algumas cenas precisam ser adaptadas para isso, mas nada que interfira na obra", afirmou Gabriela.
O Theatro Pedro 2º, por exemplo, tem um plano de segurança que é aprovado pelo Corpo de Bombeiros, de acordo com sua assessoria de imprensa.
Esse plano também proíbe o uso de qualquer artefato de fogo, embora não trate sobre a utilização de papel picado.
O mesmo acontece com os teatros de responsabilidade da Prefeitura de São Paulo, como o Cacilda Becker.
Lá, são proibidos por lei apenas artefatos destinados a produzir fagulha.
LAICO
Segundo o novo decreto, agora também estão proibidos nos teatros missas, cultos e qualquer outro evento litúrgico ou religioso.
A regra, porém, não barra a realização de manifestações artísticas como shows de banda gospel ou espetáculo teatral católico, por exemplo.
"Essa regra tem como base o Estado laico", disse o diretor dos teatros Pedro Leão.
De acordo com o decreto anterior, somente eventos com caráter político-partidário eram barrados dos palcos. Essa proibição permaneceu no novo conjunto de regras para os espaços culturais.