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Ribeirão

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Agronegócio em baixa derruba empregos

Além da crise no campo, especialistas dizem que clima ruim entre empresários contribui para criar menos vagas

Cidades da região de Ribeirão Preto registraram a menor geração de postos de trabalho desde 2003

JOÃO ALBERTO PEDRINI DE RIBEIRÃO PRETO

O clima ruim gerado pelo baixo crescimento econômico do país e o agronegócio em baixa contribuíram, na visão de especialistas, para que o resultado do emprego na região atingisse o patamar mais baixo da história.

Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que as dez cidades mais populosas da região registraram a menor criação de postos de trabalho desde 2003 --último ano com dados por município disponibilizados.

Segundo os números, divulgados nesta quinta (11), de janeiro a agosto as maiores cidades da região criaram 22.955 empregos. No ano passado, foram 28.058 postos.

Docente da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, Luiz Guilherme Scorzafave disse que as cidades sentem, além da estagnação econômica, os impactos causados pela crise do setor sucroalcooleiro.

"O setor sempre respondeu por boa parte da geração de empregos, mas com os problemas que as usinas vêm enfrentando essa participação só cai, afetando a indústria, o comércio e os serviços."

Sertãozinho, por exemplo, que produz maquinários para usinas, fechou 1.160 vagas desde o início do ano.

Carlos Roberto Liboni, secretário da Indústria e Comércio do município, disse que a queda de empregos causa um "efeito dominó", afetando a economia e derrubando a arrecadação de impostos.

Guilherme Feitosa, diretor do Ciesp/Fiesp na região, disse que a perspectiva do empresário é ruim diante da crise, gerada, segundo ele, pelas altas taxas de juros, aumento da inflação, ausência de investimentos em infraestrutura e falta de uma política fiscal eficiente e de uma reforma no sistema tributário.

"O quadro é de pessimismo. O empresário pode até ter uma reserva financeira, mas não investe. Ele tem medo. Isso agrava tudo, porque em vez de criar empregos, há demissões", disse.

Professor de economia da UFSCar, Luiz Fernando Paulillo afirmou que a indústria parou de investir. Ele citou a crise da cana e da citricultura --os produtores de laranja têm dificuldade para vender-- como fatores que ajudaram a empurrar a criação de empregos para baixo.

"Além dos problemas da agroindústria, os empresários e os consumidores estão inseguros. É muita notícia de baixo crescimento econômico. A economia também é feita de expectativa", afirmou.

O mês de agosto foi marcado por demissões em toda a região. Em Franca, por exemplo, 400 funcionários foram demitidos de uma fábrica de calçados. Nesta quinta, em Sertãozinho, um grupo de 16 pessoas que atuavam numa empresa de Pontal fazia a homologação das demissões.

"Não consigo mais encontrar serviço. Está muito difícil", afirmou Haelton José, 43, agora desempregado.


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