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Ribeirão

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O retrato da morte

Exposição em Ribeirão tenta desvendar o que está por trás desse fenômeno natural que ainda é tão misterioso

ISABELA PALHARES DE RIBEIRÃO PRETO

Comuns em cemitérios antigos de pequenas cidades, as fotos em túmulos foram a inspiração para a exposição NotUrna, iniciada nesta quinta (25) no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto.

São quatro instalações artísticas que trazem fotografias de mortos anônimos, cartas e poemas dentro de malas e caixas.

Os textos são como biografias imaginadas por escritores ao analisar os retratos dos mortos homenageados.

"Há uns quatro ou cinco anos eu estava estudando retratos e fotografei essas fotos em túmulos", disse o artista plástico Lucas Simões.

"Em uma brincadeira, pedi para alguns amigos criarem uma espécie de biografia para esses anônimos."

Foi dessa brincadeira que Simões e a escritora Roberta Ferraz desenvolveram o projeto, que se transformou em um livro e, depois, na exposição artística.

Para o livro, os artistas montaram dez "caixas" com fotos de dez mortos anônimos e biografias criadas por Roberta e outros escritores.

Para a exposição, eles selecionaram quatros dessas caixas. De acordo com Simões, a exposição tem o objetivo de estimular uma reflexão sobre a morte, tema que, segundo ele, ainda é evitado por muitas pessoas.

"As pessoas não têm apenas dificuldade em aceitar a morte, mas também de debatê-la, lidar como algo natural", disse o artista.

FOTO COMO MISTÉRIO

João Carlos de Figueiredo Ferraz, fundador do instituto, afirmou que a exposição, apesar de tratar de um tema atraente para poucas pessoas, emociona e estimula a reflexão sobre a morte.

No entanto, a exposição também pretende trazer uma reflexão sobre as interpretações possíveis a partir de uma mesma fotografia.

"As pessoas acham que a foto retrata o momento exato", afirmou, "mas muitas vezes ela mais cria do que resolve um mistério."

Além das instalações ar- tísticas, Simões e Roberta fizeram a curadoria de ou- tras obras de arte do instituto --que tem um acervo de cerca de mil obras--, que refletem sobre a morte e a identidade de pessoas.

Uma delas é uma escultura da artista plástica francesa Courtney Smith, com espelhos dispostos como em uma sanfona.

Simões e Roberta também "se colocaram no lugar" dos mortos anônimos que os inspiraram e fizeram seus retratos, como se fossem ser colocados em seus túmulos.

"Foi realmente estranho nos colocar nessa situação, mas ao mesmo tempo é uma posição em que um dia vamos estar", disse Simões.


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