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Ribeirão

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Colonos revelam êxodo rural e memórias

Pesquisadoras ouviram oito moradores com mais de 70 anos, que contaram sobre a atividade na lavoura do café

História está associada à modernidade, como na fazenda Cruzeiro, onde as famílias já têm acesso para a internet

DE RIBEIRÃO PRETO

Os atuais moradores das fazendas de Ribeirão Preto provavelmente são os últimos de uma geração que nasceu e viveu nesses locais.

A partir de seus filhos, as pesquisadoras do IPCCIC (Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais) constataram o primeiro registro do êxodo para a zona urbana.

Foi o que aconteceu com os filhos e netos de Vilma Colluci, 59, que nasceu na fazenda Santa Rita e nunca morou em outro lugar. "Eles se adaptaram na cidade", afirmou Vilma. "Meu neto vem aqui e estranha, sem computador."

Ela trabalha como caseira da fazenda e faz parte de uma das seis famílias que sempre viveram na colônia --até o início da década de 1970, eram 50 famílias. Assim como muitos moradores, Vilma descende de imigrantes italianos.

Segundo as pesquisadoras, esses imigrantes trabalhavam no regime de colonato e se estabeleceram na zona rural para abrir novos cafezais.

Em 1912, dos 58 mil habitantes de Ribeirão Preto, 39 mil eram estrangeiros, segundo o estudo. Vilma disse que não conseguiria se adaptar à vida urbana, embora hoje vá até a área urbana para fazer compras no supermercado.

"Aqui eu tenho liberdade", afirmou. "Não vivo trancada em casa e não tenho de me preocupar em fechar o portão por causa de violência."

As pesquisadoras gravaram os depoimentos de oito moradores, com mais de 70 anos de idade, que relataram suas lembranças.

A intenção foi criar um material histórico baseado na oralidade e nas memórias, como as receitas culinárias, brincadeiras e festas.

"Aqui, aos finais de semana, vinha um sanfoneiro e fazíamos a nossa festa",disse à Folha Waldemar Pacola, 70.

Assim como o pai, João Pacola, 95, ele nasceu e se estabeleceu na Santa Rita, e afirmou que guarda lembranças do dono da fazenda, já falecido, Alcebíades Junqueira.

"Ele jogava futebol com a molecada. Pegava na enxada junto com a gente e trabalhava no campo", afirmou.

Na fazenda Cruzeiro, antiga Pau Alto, a modernidade já entrou nas casas das quatro famílias que ainda vivem no local: todos elas têm acesso à internet.

"Mas eu ainda prefiro me reunir com o pessoal e trocar uma prosa', como sempre fizemos", disse Antonio Tomaz, 56, que vive no local desde os três anos de idade.

A Cruzeiro foi uma das últimas fazendas de Ribeirão a deixar de cultivar o café --segundo Tomaz, em 2004.


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