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Desde setembro, homicídios foram 'invisíveis', diz polícia
Delegados listam dificuldades para encontrar autores de mortes na região
Fato de o criminoso utilizar moto, capacete e capuz e cometer crime à noite dificulta apuração, diz policial
Mariana Martins - 26.out.12/Folhapress |
Policiais militares em operação na favela das Mangueiras |
Praticados geralmente em locais escuros, por criminosos usando capuzes e fora do alcance de câmeras de vigilância, homicídios registrados na região de Ribeirão Preto nos últimos dois meses permaneceram "invisíveis" segundo a avaliação de delegados responsáveis pelas suas investigações.
Ouvidos pela Folha, os policiais apontaram uma série de dificuldades para esclarecer os assassinatos das últimas semanas em três das quatro maiores localidades da região de Ribeirão Preto.
Um deles classifica os crimes como "mortes invisíveis" devido à falta de informações para elucidar os casos.
O número de homicídios aumentou, sobretudo desde setembro, quando dois policiais militares foram assassinados - um em Araraquara e outro em São Carlos.
Desde a morte em São Carlos, mais 13 foram registradas na cidade em um período inferior a dois meses. Já em Ribeirão Preto, 12 pessoas foram baleadas em um só dia no mês de outubro. Dessas vítimas, cinco morreram (leia texto nesta página).
Segundo o delegado Ricardo Turra, do setor de homicídios da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Ribeirão, a maioria dos casos é semelhante e os autores dos crimes agem da mesma forma.
"[O autor] É uma pessoa que chega atirando, de capuz, capacete, em uma motocicleta, num lugar escuro, muitas vezes sem ninguém por perto, à noite, com pouca visibilidade e sem câmeras de vigilância por perto", afirmou o delegado.
A moto é utilizada para propiciar uma fuga mais rápida, completa.
A cidade teve 50 homicídios de janeiro a setembro, ante 30 no mesmo período do ano passado.
Haroldo Chaud, também delegado da DIG de Ribeirão Preto, afirma que, na maioria dos locais onde ocorrem os crimes, impera a lei do silêncio, o que dificulta a busca dos investigadores por informações.
"As pessoas têm informações, mas não falam. Têm medo. Aí a polícia, sem pistas, acaba não esclarecendo alguns crimes", disse.
SEMELHANÇAS
Elton Negrini, delegado da DIG em Araraquara, que viu o total de mortes subir de 10 para 15 entre janeiro e setembro em comparação a 2011, também tem tido problemas com as "mortes invisíveis".
No município, foram quatro registradas nos últimos dias. E todas com as mesmas características.
"Os investigadores saem às ruas, ouvem testemunhas, mas muitas vezes é difícil porque faltam subsídios para procurar quem cometeu os crimes", disse.
O delegado da DIG de São Carlos, Edmundo Ferreira Gomes, por sua vez, afirmou que muitos traficantes aproveitam a onda de violência no Estado para agir, o que é outro agravante.
"É uma situação atípica [a do crescimento do número de homicídios na região e em São Paulo], de anormalidade. É aí que o bandido vê uma oportunidade para agir. Matando, executando, porque ele sabe que estão ocorrendo muitas mortes e o trabalho da polícia vai ser dificultado", afirmou Gomes.
Na cidade, os homicídios subiram de 13 para 17 em comparação com os nove primeiros meses de 2011.
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