Folha de S.Paulo

Doação oculta soma 81% do arrecadado pelos candidatos

DE RIBEIRÃO PRETO

Dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apontam que, do total arrecadado pelos três principais candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto na eleição deste ano, 81,8% foram recebidos por doações ocultas.

Trata-se de doações intermediadas por partidos políticos. Dárcy Vera (PSD), Duarte Nogueira (PSDB) e João Gandini (PT) arrecadaram, juntos, R$ 9.463.499,11.

Desse valor, pouco mais de 80%, R$ 7.743.035,89, são de doações "não identificadas".

Nos três casos, a maioria dos recursos foi destinada aos candidatos por meio de uma triangulação que impede que os doadores sejam identificados.

A prática não é ilegal, mas impossibilita que se conheça o doador original da verba.

O petista João Gandini foi o candidato que mais recebeu dinheiro por esse meio: R$ 3,29 milhões, sendo que 95,2% foram de doações do partido. Já o PSD, da prefeita Dárcy Vera, que foi reeleita, doou 74,2% dos recursos.

O PSDB, do deputado federal Duarte Nogueira, doou 74,9% do dinheiro que o candidato arrecadou.

O presidente do PT local, Pedro Jesus Sampaio, diz que a prática é permitida por lei.

Segundo ele, as pessoas físicas e jurídicas têm suas opções e doam conforme suas convicções.

"Se o partido atua beneficiando o crescimento da agroindústria, por exemplo, qual o problema de uma empresa do setor doar recursos para o candidato continuar favorecendo seu ramo de atuação, por meio de investimentos?", disse.

Marco Antonio dos Santos, presidente do PSD, afirma que esse tipo de doação é comum nas campanhas.

"Tem empresa que doa para o candidato e tem empresa que doa para o partido. A que opta pelo partido acredita que os diretórios farão melhor gestão do dinheiro. Isso é normal", comenta.

Segundo Nogueira, a captação de receita e as despesas foram feitas dentro do que a legislação eleitoral permite e os valores declarados são coerentes com a campanha realizada.