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História resgatada e também... inexplorada

Acervo da UFSCar tem registros de imigrantes e do império, além de material ainda desconhecido

MARCELO TOLEDO EDITOR-ASSISTENTE DA “FOLHA RIBEIRÃO”

Mapas antigos de fazendas e do município de São Carlos, documentos de imigrantes do século 19, registros do período imperial brasileiro, de lavouras cafeeiras e também da escravidão foram "desvendados" por um grupo de pesquisadores da UFSCar.

As descobertas podem ser ainda maiores, pois metade do acervo -que soma um quilômetro linear de estantes- ainda não foi analisada.

A Ueim (Unidade Especial de Informação e Memória) existe há 15 anos na UFSCar (federal de São Carlos) e tem em seu acervo mapas, periódicos e livros do império, como relatórios da província de São Paulo e exemplares da revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado por Dom Pedro 2º.

Possui também jornais de São Carlos com exemplares anteriores a 1889, ano da Proclamação da República.

"Não abrimos tudo o que a gente tem e não sabemos o que encontraremos. Pelo menos 50% do acervo ainda não foi analisado", afirma o coordenador da unidade, João Roberto Martins Filho, 59, docente do departamento de ciências sociais da UFSCar.

O acervo tem 12 mil livros e jornais de São Carlos e região, acomodado em dezenas de pastas encadernadas e latas de documentos. "Outro dia, encontramos jornais do século 19, entre eles um socialista feito em São Carlos e redigido em italiano."

"BARÃO"

O município foi fundado em 4 de novembro de 1857, quando havia apenas algumas casas ao lado de uma capela, a maior parte ligadas à família Arruda Botelho. Eles foram os primeiros donos de terras na então Sesmaria do Pinhal, segundo dados da Prefeitura de São Carlos.

Mas é de outra personalidade da região, Carlos Leôncio Magalhães, o Nhonhô Magalhães, que vem a documentação mais importante ligada ao apogeu cafeeiro na região.

Conforme dados da Ueim, ele foi um dos maiores fazendeiros de café do Estado no início do século passado. Nascido em Araraquara em 1875, Nhonhô, além de administrar fazendas do pai, comprou novas áreas em Matão, vendidas depois com grande margem de lucro.

O maior negócio foi ter adquirido, há 101 anos, a sesmaria de Cambuí, com 605 quilômetros quadrados -como comparação, Ribeirão Preto tem hoje 650,37 quilômetros quadrados.

Era uma área onde hoje estão partes das cidades de Matão, Nova Europa e Gavião Peixoto. "Ele foi um grande investidor, atuando no mercado imobiliário de São Paulo", conta Martins Filho.

Há uma coleção de fotos das décadas de 1910 e 1920, aproximadamente 300 mapas de fazendas ou plantas de prédios construídos na capital do Estado e dez mapas antigos de São Carlos.

Para Andrea Lisly, docente de história da Ufop (Universidade Federal de Ouro Preto) e especialista em história do Brasil Império, a composição do arquivo já é suficiente para despertar a curiosidade.

"É difícil opinar sem conhecer mais detalhes [do local], mas sem dúvida é interessante organizar e preservar esses arquivos."

DINHEIRO DOS EUA

A importância da coleção são-carlense propiciou o recebimento de doação da Universidade de Harvard (EUA) de US$ 17 mil, para a compra de arquivos para guardar o material e resguardar mapas.

Embora possua documentos referentes ao Brasil imperial, a maior parte dos papéis do acervo da universidade é da Primeira República (1910-26) e do período em que o país foi governado por Getúlio Vargas (Era Vargas e Estado Novo, de 1930 a 45).

Livros de contabilidade, registro de imigrantes -um de 1876- e duplicatas guardadas na Assembleia Legislativa também estão no acervo.

Para desvendar o restante do material, até mesmo a família de Nhonhô Magalhães foi conhecer a unidade.

Também em São Carlos, há um acervo importante da história local na Estação Pró-Memória, ligada à prefeitura.

O acervo da UFSCar tem unidades relativas ao governo militar (Arquivo Ana Lagoa) e à literatura contemporânea (Núcleo Interdisciplinar Literatura e Sociedade), além de um com arte e núcleo de estudos afro-brasileiros.


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