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Alunos hostilizam feministas e ficam nus em trote na USP

Universidade diz que identificará envolvidos para abrir processo administrativo; nomes não foram divulgados

Estudantes ainda teriam jogado cerveja em quem manifestava contra um desfile de calouras em São Carlos

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

A USP São Carlos vai abrir um processo administrativo contra alunos que ficaram nus e que teriam jogado bebida e hostilizado um grupo de feministas durante protesto contra um trote.

O "Miss Bixete", desfile organizado por membros do intitulado GAP (Grupo de Apoio à Putaria), acontece no campus na recepção aos novatos.

Em meio a gritos, veteranos convidam as calouras a subirem ao palco e a exibirem o corpo -muitas são estimuladas a erguer a blusa, e ouvem "peitão", "bundão" como resposta.

Em nota, a USP disse que a atividade não faz "parte da Semana de Recepção dos Calouros" e que a universidade "é veementemente contra qualquer ação que cause constrangimento".

O desfile das calouras ocorreu na última terça em área do centro de convivência. Do lado de fora, pelo menos 50 manifestantes, incluindo homens, erguiam faixas e protestavam contra o desfile.

Segundo uma estudante de 20 anos, membro da Frente Feminista de São Carlos e que pediu anonimato, pelo menos seis alunos se irritaram com o ato -dois ficaram nus- e começaram a hostilizar os manifestantes.

"Chegaram ao ponto de jogar cerveja e bombinha nas manifestantes", disse. "Rasgaram nossa faixa e simularam sexo com uma boneca inflável na nossa frente. Até tentaram se aproveitar de algumas das manifestantes, tentaram agarrá-las."

Ela diz que foi o primeiro ano em que participou dos protestos. "Na hora, foi psicologicamente perturbador. A gente sabia que era um evento muito machista, mas não fazíamos ideia do quanto seria."

Pelo menos desde 2005, integrantes do Caaso, o centro acadêmico local, participam de protestos contra o evento. Neste ano, a Frente Feminista uniu-se ao manifesto pela primeira vez.

A USP não divulgou quem são os supostos agressores das feministas. A reportagem não conseguiu identificar os alunos que ficaram nus nem quais hostilizaram o ato.

Os vídeos e fotos com alunos nus repercutiram nas redes sociais. Agora, as integrantes da Frente Feminista pretendem se reunir para discutir se tomarão alguma medida judicial.

Enquanto isso, deixarão as imagens à disposição de calouras que tenham se sentido constrangidas e queiram identificar quem as coagiu.

'MULHER-OBJETO'

Membro da Comissão do Direito da Mulher da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, Fabíola Marques diz que o caso mostra como a mulher ainda é tratada como objeto no país.

"Existem grupos de mulheres que querem se manifestar e provocar, e elas têm o direito disso. Mas submeter a mulher à hostilidade e constrangimento, como no caso do trote, é absurdo."


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