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Ribeirão

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Arte do grafite se consolida no interior de São Paulo

Safra de artistas tem obras conhecidas em capitais e até em outros países

Estimativa é que existam 500 grafiteiros em atividade, sendo cem deles com trabalhos conhecidos

JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO

Wesley Alves era um moleque de 14 anos e skate debaixo do braço quando fez seus primeiros grafites em Ribeirão Preto. Era 1999, uma época em que grafitar um muro, lembra ele, era ser visto por muitos como bandido.

"A gente saía para pintar e o pessoal tinha medo, atravessava para a outra calçada, fechava o vidro do carro e ligava para a polícia."

Hoje Lelin, como ele é conhecido, recebe elogios por quem passa observando seu traço. "Pagam até refrigerante, servem água."

Lelin integra uma safra de grafiteiros do interior de São Paulo com obras conhecidas não só nos muros de suas cidades, mas em capitais brasileiras e até no exterior.

"O grafite no interior está bem profissional, não perde em nada para São Paulo", diz o grafiteiro Does.

Artista da Grande São Paulo, Does tem trabalhos pelo Brasil e em 16 países e participou da 1ª Bienal do Graffiti, em 2010, no MuBE (Museu Brasileiro de Escultura).

Ele estima que existam no interior cerca de 500 grafiteiros em atividade, sendo cem deles com trabalhos conhecidos na cena do grafite.

Em Ribeirão, são de 20 a 25 artistas, como Lelin e Bíu, ambos de 1999, e Brô da Silva e Lola, esses últimos de uma geração mais recente, entre 2004 e 2005.

Todos citam como um dos pioneiros da arte em Ribeirão, em meados dos anos 90, o grafiteiro Tom, que, mesmo morando em Minas Gerais, ainda participa com Bíu e outros três grafiteiros do grupo chamado No Toy crew.

Ao contrário da maioria das artes, o exercício do grafite é, muitas vezes, coletivo. Uma mostra disso ocorreu em Campinas, em fevereiro.

Um grupo de 43 grafiteiros, todos do interior, cobriu de desenhos e letras coloridas as placas metálicas de uma das obras em expansão do aeroporto de Viracopos.

É comum também que grafiteiros viajem para se encontrar em eventos. No final de março, em São José dos Campos, acontece a terceira edição do Mutirão Grafitti.

Se a estreia, em 2007, reuniu 120 grafiteiros, o encontro agora estima receber 260 artistas e, pela primeira vez, alguns internacionais.

Antes marginalizado, o grafite ganhou status de arte. Assim como outros colegas, Brô da Silva, alcunha de Weber Delfino Gomes, 23, recebe convites para grafitar lojas ou escritórios de arquitetura.

"Antes, a polícia parava para perguntar se eu tinha autorização para pintar. Hoje, a polícia para, mas para elogiar", diz Eder Rodrigues, 26, o Slim, de São Carlos.


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