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Depoimento

"Foram 38 anos de um grande sofrimento"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Elvis Silva Magalhães, 46, é o paciente mais velho a ter recebido transplante de medula por anemia falciforme de que há registro. A Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto é pioneira em transplantar pacientes mais velhos. (ML)

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"Minha mãe estava grávida de mim quando minha irmã de dois anos morreu com os sintomas clássicos de anemia falciforme: olhos amarelados e pele bem branca.

Quando tinha alguns meses de vida, em 1966, perceberam que eu também estava ficando pálido.

Demorou para fazer o diagnóstico, pois minha irmã morreu sem ninguém saber que era anemia falciforme. Comecei a ser tratado no Hospital dos Servidores da União (atual Hospital Universitário de Brasília) em 1973.

Foram 38 anos de um sofrimento muito grande. Muitas transfusões, internações por pneumonia, crises de dores terríveis.

A criança com doença falciforme toma consciência da dor desde que nasce. Aos 13 anos, começaram a aparecer as úlceras nas pernas. Perto dos 20 anos, o priapismo [ereção anormal dolorosa]. É uma luta para sobreviver.

O TRANSPLANTE

Fizemos o exame de compatibilidade para o transplante em 1998 e meu irmão Hélder era compatível. Esperamos oito anos até o transplante. Ninguém queria fazer em um paciente tão comprometido e com essa idade [38 anos].

Para mim, o procedimento foi muito fácil.

Tive vômito, enjoo, mas, como tinha o hábito de ficar em hospital desde que me entendo por gente, para mim era comum. Fiquei 102 dias internado. Logo depois do transplante, aconteceu uma coisa que só nos meus sonhos eu poderia imaginar: passei a dormir a noite inteira.

Não tinha mais sintomas. Nos primeiros seis meses, acordava sem acreditar. Na última hora antes do transplante, os médicos ainda tentaram me convencer a voltar atrás, devido ao grande risco.

Tive que dizer: 'Onde é que eu assino para me responsabilizar?'."


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