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Foco

Mecânico que se casou em UTI tem alta após receber coração

CLÁUDIA COLLUCCI DE SÃO PAULO

Há cinco meses, o mecânico Willian Marques da Silva, 37, chegava ao InCor (Instituto do Coração) com uma insuficiência cardíaca grave, ligado ao balão de oxigênio, 20 kg mais magro e com uma ameaça de morte caso não fizesse um transplante.

Ontem, de coração novo e 8 kg recuperados, ele teve alta e voltou para Extrema (MG), onde mora com a mulher, Gislene, e os dois filhos, Wellington, 16, e Wesley, 13.

No café da manhã, enquanto devorava dois pãezinhos ("Precisa engolir esse pedação de pão?", repreendia o médico Fernando Bacal), Silva sonhava com a comida da terra natal.

"Humm, o pé de porco. aquela costela gorda, a galinha caipira..."

Orientada pela nutricionista do InCor, Gislene já prevenia o marido sobre a nova dieta. "É vida nova, fio'. Agora é frango grelhado e salada." O médico acrescentou: "Bebida alcoólica, nem pensar!"

Silva jura que não se importa com as restrições nem com as medicações que terá de tomar para o resto da vida --dois imunossupressores e remédios para a pressão e o colesterol. Por ora, diz que ficará "feliz da vida" de chegar em casa e beber a "água geladinha da geladeira nova".

O eletrodoméstico foi presente da equipe do InCor. Em 12 de abril último, Silva e Gislene se casaram na UTI, tendo dois médicos como padrinhos e uma fisioterapeuta como dama de honra.

De lá para cá, a expectativa pelo transplante foi grande. "Por duas vezes achei que faria, mas os corações não eram bons. Quando chegou o meu, nem acreditava."

O órgão veio no dia 1º de julho, de um jovem de 18 anos, morto vítima de um tiro.

"Quando me avisaram, só pensava na dor da família. Pedi muito pra Deus confortá-la. Ao mesmo tempo, foi o maior presente para a nossa. Meus filhos voltaram a sorrir", afirma Gislene.

TRANSPLANTE

Silva sofria de miocardiopatia dilatada, uma grave inflamação do músculo cardíaco. Seu coração trabalhava só com 23% da sua capacidade. A sobrevida era graças a drogas, que mantinham a força de contração do coração, e a um dispositivo, que aumentava o fluxo de sangue que chegava às artérias.

O transplante durou seis horas e Silva levou outras seis para acordar. "Quando abri os olhos, já não sentia mais falta de ar."

Hoje, 35 pessoas estão na fila do InCor à espera de um coração, segundo Bacal.

Na saída do hospital ontem, Silva recebia as últimas orientações do médico. "Faça caminhadas. Evite aglomeração e pessoas gripadas."

Gislene já previa confusão. "Os parentes e os amigos estão loucos para visitá-lo."

Carregando os pertences em dois sacos de lixo pretos e uma bolsa de mão, o mecânico diz esperar voltar ao InCor só para as "revisões" periódicas. "Agora, é só felicidade. Aproveitar cada minuto da nova vida."


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