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Saúde + Ciência

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Hospital de SP testa implante de eletrodo contra depressão

Terapia experimental envolve a estimulação elétrica de um nervo, que leva a uma alteração nos neurônios

HCor realizou nesta quarta (21) primeiro procedimento no país em paciente que não respondia a tratamentos

FERNANDO TADEU MORAES DE SÃO PAULO

Um tratamento para a depressão que utiliza eletrodos implantados sob a pele para estimulação elétrica foi testado pela primeira vez no Brasil. O procedimento cirúrgico foi realizado nesta quarta-feira (21) no HCor (Hospital do Coração), em São Paulo.

Os eletrodos são implantados na região da testa e ligados a um marca-passo. O objetivo é estimular o nervo trigêmeo, que confere sensibilidade à face e é uma via importante de acesso ao cérebro, de acordo com a neurocirurgiã Alessandra Gorgulho, uma das responsáveis pela pesquisa.

A ideia de testar essa via veio de uma pesquisa com estimulação externa no nervo trigêmeo realizada na UCLA (Universidade da Califórnia) para tratar epilepsia.

Durante o experimento, diz Gorgulho, que não participou diretamente dele mas trabalhava na universidade americana na época, os pacientes relataram melhora no humor.

O resultado levou os pesquisadores a testar o mesmo procedimento, um adesivo com eletrodos usado durante a noite, em pacientes deprimidos, obtendo bons resultados. A ideia agora é saber se a estimulação contínua traria mais benefícios.

"Se levarmos em conta o desenho da pesquisa, o número de pacientes envolvidos e o tempo durante o qual eles serão acompanhados [um ano], o nosso estudo é muito mais robusto", diz Gorgulho.

Os pacientes que participarão do experimento --20 no total-- têm depressão moderada refratária, ou seja, não responderam ao tratamento convencional, baseado em drogas e psicoterapia.

Esse contingente, explica o psiquiatra Ricardo Moreno, chefe do grupo de transtornos afetivos do Instituto de Psiquiatria da USP, e que colabora com o experimento, representa cerca de 20% das pessoas que têm depressão.

Isso não significa que as abordagens convencionais serão abandonadas. Os pacientes, concomitantemente à estimulação, vão continuar com os tratamentos que já vêm recebendo.

A paciente que foi submetida à cirurgia no HCor tem cerca de 50 anos e luta contra a depressão há cinco. Nesse período, passou por vários tratamentos, sem sucesso.

COMPLEMENTO

Moreno diz que a estimulação poderá servir como um complemento ao tratamento clássico. "Os resultados da neuromodulação são promissores, mas a área ainda não está muito consolidada."

Gorgulho diz que há atualmente uma grande procura por novas alternativas, reversíveis e minimamente invasivas para tratar a depressão.

"Acho que é menos assustador usar uma estimulação elétrica que pode ser interrompida a qualquer momento do que combinar, por exemplo, cinco drogas, durante anos, para descobrir depois o que acontece."

Outros experimentos que também têm o nervo trigêmeo como alvo, mas com eletrodos colocados sobre a pele, sem necessidade de cirurgia, vêm sendo realizados também pelo HCor e pela Santa Casa para tratar depressão.


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