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OMS recomenda a homens gays droga que previne HIV

Medicamento usado no tratamento de infectados pode reduzir o risco de pessoas saudáveis contraírem o vírus

Prevenção também foi recomendada pelo governo dos EUA, mas pode causar resistência e efeitos colaterais

DE SÃO PAULO

A OMS (Organização Mundial da Saúde) emitiu pela primeira vez um comunicado recomendando que homens saudáveis que fazem sexo com homens considerem o uso diário de drogas antirretrovirais como método adicional para prevenir a infecção pelo HIV.

Em maio deste ano, os EUA já haviam recomendado oficialmente a chamada profilaxia pré-exposição não só para homens que fazem sexo com homens mas também para outras populações com maior risco, como usuários de drogas injetáveis e profissionais do sexo.

Os antirretrovirais surgiram na década de 1980 e são usados no tratamento de pessoas que já têm o HIV para impedir a multiplicação do vírus no organismo.

O tratamento preventivo consiste na administração diária de um antirretroviral. Estudos de profilaxia pré-exposição testaram o Truvada, que é uma combinação de outros dois medicamentos(tenofovir e emtricitabina).

No Brasil, o remédio tem aprovação apenas para quem já está infectado e não está na lista do SUS.

Um estudo publicado em 2010 e no qual houve participação de voluntários do Brasil mostrou que a terapia com o Truvada reduziu o risco de infecção em até 94,9%.

De acordo com a OMS, as taxas de infecção entre homens que fazem sexo com homens continuam altas em todo o mundo, e "há uma necessidade urgente de novas opções de prevenção".

Segundo a entidade, a incidência de infecções pelo HIV poderia ser reduzida no mundo em até 25% neste grupo com o uso de drogas para prevenção, o que significaria impedir que 1 milhão de pessoas sejam infectadas ao longo de dez anos.

O infectologista Esper Kallás, da Faculdade de Medicina da USP, considera o anúncio uma boa notícia. "A OMS não é normativa nem executiva, mas o que ela recomenda tem muito poder porque faz aumentar a reflexão sobre o tema em diversos países, e acho que não será diferente no Brasil", afirma.

Ele lembra que a profilaxia pré-exposição é uma arma a mais na prevenção do HIV e não substitui a camisinha.

"Não é só dar remédio para todos os homens que fazem sexo com homens. Você precisa avaliar muito bem o risco de o paciente pegar o vírus para fazer a indicação."

O infectologista Caio Rosenthal afirma que a medida faz sentido para bloquear a disseminação do vírus entre as pessoas que têm maior risco. "Mas o custo seria alto. No Brasil, já avançamos muito ao oferecer tratamento para todos os infectados, independentemente da carga viral. Teríamos que ver se há condições financeiras de arcar com a prevenção também."

CONTROVÉRSIA

Já o secretário de Estado da Saúde de São Paulo e infectologista David Uip diz ser contra a adoção da profilaxia. "Para funcionar, é preciso usar diariamente. Já é difícil convencer quem está infectado a fazer o tratamento corretamente. Em pessoas saudáveis, a adesão seria ainda mais difícil", afirma.

Ele afirma ainda que a terapia preventiva pode gerar resistência aos remédios e efeitos colaterais, como náuseas, em pessoas saudáveis. "E já temos uma forma segura de prevenir o HIV, que é o preservativo. Aí dizem que as pessoas não usam, e eu pergunto: quem não usa camisinha vai tomar remédio todo dia para prevenir o HIV?"

Para Kallás, a medida poderia aproximar o paciente com mais risco dos sistemas de saúde para reforçar e implementar outros métodos de prevenção.

O Ministério da Saúde afirmou que a inclusão da profilaxia pré-exposição no SUS está sendo avaliada por meio de duas pesquisas que vão acompanhar a oferta de antirretrovirais a um grupo de 1.300 pessoas sem HIV, mas com alto risco de infecção.


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