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Saúde + Ciência

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Droga que ativa imunidade contra câncer chega aos EUA

Medicamento permite que organismo reconheça o tumor e passe a atacá-lo

Nova geração de imunoterápicos começa a ser usada contra melanoma e está em teste para mais tumores

MARIANA VERSOLATO EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"

Apresentada com destaque nos últimos congressos sobre câncer, a nova geração de imunoterápicos --remédios que ativam as defesas do organismo contra os tumores-- começa a chegar ao mercado.

A FDA (agência reguladora de medicamentos nos EUA) acaba de aprovar o pembrolizumabe para o tratamento de melanoma avançado (tipo agressivo de câncer de pele).

Em julho, o Japão aprovou outra droga similar, o nivolumabe, para a mesma doença.

Ambos têm como alvo uma proteína (PD-1) que aparece na superfície das células de defesa e impede que o corpo reaja contra o tumor. Com a droga, o organismo passa então a reconhecer o câncer como invasor e a atacá-lo.

Os remédios ainda estão em estudo, mas já foram aprovados por causa dos bons resultados apresentados em pesquisas iniciais.

O pembrolizumabe foi testado em 411 pacientes com melanoma avançado. Os efeitos colaterais mais comuns foram fadiga, tosse, náusea e diarreia, em geral mais brandos do que os causados por outros tratamentos.

Outra pesquisa com 173 pacientes mostrou que o medicamento era eficaz e gerou uma resposta (desaparecimento ou redução do tumor) em 26% dos voluntários.

A droga foi testada em pessoas que não responderam às terapias disponíveis, incluindo o ipilimumabe, primeiro imunoterápico a chegar ao mercado, em 2011, e que funciona de forma diferente dos dois aprovados agora.

"O conceito de ativar o sistema imune contra uma doença é antigo. Mas, agora, a imunoterapia está emplacando contra o câncer como nunca se imaginou. O tratamento do melanoma mudou radicalmente nos últimos cinco anos", afirma Rafael Schmerling, oncologista clínico do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes.

Ele diz que já se sabia que o melanoma está ligado de alguma forma à imunidade. Pacientes que têm esse câncer e desenvolvem vitiligo, uma doença autoimune, na qual as defesas atacam tecidos do próprio corpo, tendem a responder melhor ao tratamento. Já as pessoas com imunidade baixa (que fizeram um transplante, por exemplo, e tomam remédios que suprimem o sistema imunológico) têm pior prognóstico.

Além disso, não havia drogas muito eficazes para o melanoma, o que faz da doença um campo bom para estudos.

O preço do remédio, porém, deve dificultar seu acesso. Segundo a MSD, que fabrica o pembrolizumabe, o tratamento custará US$ 12.500 por mês nos EUA. Ainda não há previsão de aprovação no Brasil.

Mas a chegada de outros remédios do tipo ao mercado deve baratear o tratamento, segundo Fábio Nasser Santos, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center.

Espera-se que o nivolumabe, da Bristol-Myers Squibb, seja aprovado em 2015 nos EUA. A droga está em teste para melanoma e mostrou bons resultados para câncer de pulmão, rim e cabeça e pescoço. Os efeitos adversos mais comuns foram problemas no trato gastrointestinal, na pele e no sistema endocrinológico.

O desafio agora, segundo Santos, é selecionar os pacientes que vão se beneficiar mais do caro tratamento. "Já estão investigando qual paciente e em que fase do tratamento terá uma resposta melhor aos imunoterápicos."


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