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Maior dinossauro carnívoro era o único semiaquático

Bicho de 15 metros achado no norte da África tinha adaptações para ficar na água como jacarés e hipopótamos

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O maior dos dinossauros carnívoros também pode ter sido o único semiaquático, com adaptações parecidas com as de jacarés ou hipopótamos. É o que sugere a descoberta de novos fósseis do Spinosaurus aegyptiacus, que viveu há 100 milhões de anos no norte da África.

Se a análise coordenada por Nizar Ibrahim e Paul Sereno, da Universidade de Chicago, estiver correta, a criatura de 15 m de comprimento teria narinas estrategicamente localizadas para respirar com o corpo submerso, à maneira dos crocodilos. Suas patas de trás curtas e musculosas teriam ajudado o bicho a nadar com velocidade, e os dedos poderiam ter sido unidos por uma membrana, como os de patos ou lontras.

Encontrados há quase um século, os fósseis originais do bicho foram levados pelo alemão Ernst Stromer von Reichenbach do Egito para um museu em Munique, mas a instituição foi bombardeada durante a Segunda Guerra Mundial, o que pulverizou os ossos pré-históricos.

De lá para cá, mais fósseis da espécie foram achados no Marrocos e na Argélia, mas o material era incompleto. Ibrahim e Sereno encontraram um novo esqueleto parcial do bicho --com partes de crânio, coluna, pelve e membros-- e reconstruíram digitalmente o animal todo.

O resultado surpreende, a começar pelo fato de que a fera provavelmente era quadrúpede, o que também é único --todos os dinos carnívoros conhecidos são bípedes.

A dentição do bicho parece apropriada para capturar peixes. Já os ossos são maciços e pesados, diferentemente dos demais carnívoros, cuja estrutura óssea é leve, o que ajudava a dar estabilidade dentro d'água.

E, tal como ocorre com os crocodilos e jacarés, o focinho do S. aegyptiacus tinha furinhos cuja única função conhecida é a de sensor de movimento dentro d'água.

Até a "vela" do bicho "" um prolongamento dos ossos da espinha, formando uma crista ao longo das costas --pode estar ligada à vida semiaquática, diz Ibrahim.

"Seria uma excelente estrutura de sinalização, ficando visível mesmo com o animal parcialmente submerso." Os leitores mais familiarizados com a fauna pré-histórica talvez estranhem o título de "único dinossauro semiaquático". De fato, os mares da época tinham répteis adaptados à vida na água, como os ictiossauros, que mais pareciam golfinhos. Mas esses bichos pertencem a linhagens muito distantes dos dinos. Até agora, tudo parecia indicar que os dinossauros eram um grupo terrestre.

O estudo está na "Science".


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