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Ponte de safena é a melhor opção para coração diabético

Levantamento inédito viu que, apesar de muito invasiva, cirurgia é melhor do que a colocação de stents

Estudo avaliou casos de cardiopatia severa; quem fez a operação teve menos risco de morte e de complicações

Avener Prado/Folhapress
O vendedor de ferragens Josué Cardoso precisou operar mesmo depois de colocar stents
O vendedor de ferragens Josué Cardoso precisou operar mesmo depois de colocar stents
GIULIANA MIRANDA DE SÃO PAULO

Apesar de ser muito invasiva, a cirurgia para implantação de pontes (como de safena e mamária) se mostrou mais eficiente do que a colocação de stent -uma espécie de mola que "abre" as artérias - em diabéticos com problemas cardíacos severos.

A conclusão é de um estudo inédito realizado em conjunto por 140 instituições de todo o mundo. Com 200 participantes, o Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP) foi o centro com mais representantes nos 1.900 pacientes do estudo.

O grupo foi acompanhado por cerca de cinco anos. Os primeiros dados, publicados hoje no "New England Journal of Medicine", mostram diferenças significativas.

"É a primeira vez que um estudo de grandes propor- ções e envolvendo centros de pesquisa de ponta de todo o mundo compara diretamente os dois métodos em pacientes diabéticos", avalia Whady Hueb, coordenador do estudo no Incor e um dos autores do artigo. No grupo que passou pela cirurgia, as mortes por problemas cardíacos foram bem menores do que os com stent: 11% contra 7%.

Os pacientes submetidos à cirurgia também tiveram menos infartos após o procedimento. Os diabéticos que colocaram stents ainda tiveram mais chances de voltar para a sala de operações para novos procedimentos.

É o caso de Josué Cardoso, 62,um dos participantes do estudo. Diabético e com hipertensão, em 2009 ele fez uma angioplastia com colocação de stents.

"Tinha ido à feira quando comecei a passar mal. O stent não evitou que a artéria entupisse. Acabei fazendo a cirurgia depois disso", explica.

O trabalho ainda não oferece uma explicação para a superioridade da cirurgia em pacientes diabéticos. Os voluntários ainda serão acompanhados por mais dois anos, e um outro artigo deve dar a conclusão sobre a diferença.

O resultado contraria uma tendência geral de preferência por procedimentos médicos menos invasivos.

As colocação de pontes é uma cirurgia de grandes proporções. Sob anestesia geral, o paciente tem seu tórax aberto e o osso que une as costelas, serrado. O médico constrói um caminho alternativo para restabelecer o fluxo de sangue para o coração usando uma veia retirada do corpo do próprio operado.

Já a angioplastia e colocação de stent são minimamente invasivos e em geral feitos sob anestesia local. Com um cateter, um minúsculo balão é levado até a artéria e, quando inflado, desobstrui o caminho para o fluxo do sangue. Uma pequena "mola" é então colocada no local para manter a artéria aberta.

"Isso não significa de jeito nenhum que a angioplastia com colocação de stent tem de ser descartada. É um procedimento seguro e eficiente. Na hora de decidir, o médico vai fazer uma avaliação específica para decidir o que é melhor em cada momento", explica Roberto Kalil, diretor da Divisão de Cardiologia Clínica do Incor.

Os resultados iniciais do trabalho devem desagradar a indústria farmacêutica. Parte dos recursos para o levantamento foi oferecida por empresas ligadas aos stents.


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